Num discurso de despedida gravado, o outrora poderoso democrata insistiu que a investigação que mostrou que ele assediou sexualmente várias mulheres, incluindo funcionárias, foi projetada para forçá-lo a renunciar.

"Houve um estrondo político e mediático. Mas a verdade virá ao de cima com o tempo. Disso estou certo", disse Cuomo, que entrega as rédeas do quarto estado mais populoso dos Estados Unidos à vice-governadora Kathy Hochul.

Cuomo — filho de Mario Cuomo, que foi governador durante três mandatos — esteve à frente de Nova Iorque por uma década, tendo ganho as eleições pela primeira vez em 2010.

Ficou conhecido um pouco por todo o mundo no ano passado, quando foi amplamente elogiado pelas sessões informativas diárias na televisão sobre a pandemia.

Estas apresentações aconteciam enquanto o então presidente republicano Donald Trump criava confusão com mensagens incoerentes sobre o coronavírus, o que levou alguns democratas a pedirem uma candidatura presidencial de Cuomo.

A popularidade do governador de Nova Iorque, no entanto, caiu no final do ano passado, quando foi acusado de omitir o verdadeiro número de mortes por covid-19 em lares de idosos.

Já este ano, várias mulheres denunciaram o político, de 63 anos, por assédio sexual. As acusações culminaram num relatório da procuradora-geral do estado, Letitia James, publicado no início deste mês, documento que afirmava que Cuomo abusou sexualmente de 11 mulheres, inclusive com toques não desejados.

Cuomo nega as acusações e inicialmente rejeitou os pedidos para que renunciasse, incluindo os do presidente, também democrata, Joe Biden.

No entanto, depois de uma investigação dos deputados do estado ganhar força, Cuomo anunciou a 10 de agosto que iria renunciar e deixaria o cargo duas semanas depois.

Mensagem para De Blasio

No discurso de despedida, Cuomo afirmou que um "julgamento apressado" provocou um "escândalo mediático" que não era "certo, justo ou sustentável".

Também destacou algumas de suas conquistas, como a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Nova Iorque em 2011 e o aumento do salário mínimo do estado para 15 dólares em dezembro de 2019. "Nenhum governador na nação aprovou mais medidas progressistas do que eu", afirmou.

Cuomo também agradeceu aos eleitores pela "honra de [os] ter servido". "Quero que saibam, do fundo do meu coração, que, a cada dia, trabalhei o quanto pude. Dei tudo de mim e tentei entregar-vos o meu melhor", disse.

Cuomo enviou uma última mensagem ao presidente da autarquia de Nova Iorque, Bill de Blasio, com quem teve atritos. Disse que o provável sucessor de De Blasio na eleição de novembro, Eric Adams, trará "uma nova filosofia e competência ao posto", que dará aos moradores da cidade "uma esperança para o futuro".

Kathy Hochul, também democrata, será a primeira mulher a governar Nova Iorque quando prestar juramento em Albany, capital do estado, nesta terça-feira, 24 de agosto. Cuomo desejou-lhe sucesso.

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