A cerimónia de posse, que marca também a saída de José Eduardo dos Santos ao fim de 38 anos, está agendada para a manhã de terça-feira, em Luanda, e, na capital angolana, as expectativas em torno da nova liderança passam pelo cumprimento das promessas eleitorais feitas por João Lourenço.

“Espero por uma boa governação, que possamos recuperar e melhorar e espero acima de tudo sucesso”, apontou Cristina Torres, funcionária pública, de 34 anos, que sublinhou ainda que espera “ver o povo satisfeito” caso as promessas eleitorais sejam “cumpridas à risca”.

Laurindo Adriano é professor em Luanda e em conversa com a Lusa assumiu esperar uma mudança não só na liderança do país, mas também a nível do partido governante.

“Quero ver melhorias no setor da saúde, educação, saneamento básico, energia. É isso que a população precisa, principalmente a baixa de preços dos produtos básicos”, observou.

Combate à corrupção e às assimetrias regionais do país devem ser, no entender de Pedro Francisco Ngunza, o foco da governação de João Lourenço, terceiro presidente de Angola, em 42 anos de independência.

“Gostaria que o Presidente João Lourenço focasse mais a sua governação no combate à corrupção, por ser um fenómeno que impede o desenvolvimento do país e agrava a condição de vida do cidadão comum, espero ainda ver o combate das assimetrias regionais que se registam no país”, afirmou.

O combate à corrupção, por limitar o desenvolvimento económico do país, foi precisamente uma das promessas eleitorais de João Lourenço.

Ainda assim, para este estudante de Relações Internacionais, “dificilmente” as promessas feitas durante a campanha eleitoral serão cumpridas, sobretudo devido “à conjuntura económica em que se encontra o país”.

“Não acredito na realização de todas promessas feitas durante a campanha, mas a ver vamos se o Presidente e a sua governação terão uma estratégia para contornar a crise económica para poderem materializar o que prometeram”, adiantou.

Melhoria das condições sociais são, no entender da professora Maria Rita Fançony, uma “preocupação generalizada” e que deve merecer uma “atenção especial” da governação de João Lourenço.

“A esperança é última a morrer, nós podemos ter algumas dúvidas e reticências quanto às promessas que foram feitas, porque políticos prometem sempre, mas ainda assim vamos esperar que pelo menos 40% dessas promessas sejam concretizadas”, rematou.

João Lourenço e o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) foram os vencedores das eleições gerais de 23 de agosto, com 61% dos votos, de acordo com os resultados finais divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral.

No entanto, estes resultados continuam a ser contestados pelos partidos políticos na oposição, que prometem “luta democrática no parlamento”.