João Lourenço fez o apelo hoje, na abertura do ano parlamentar em Luanda, mostrando-se apreensivo com o agravamento e escalar da tensão no Médio Oriente, desde 07 de outubro, depois do “condenável ataque a Israel que lamentavelmente vitimou um elevado número de civis indefesos”.
Embora tenha considerado que Israel tem direito a defender-se e proteger a vida dos seus cidadãos, “a verdade é que esse mesmo direito tem igualmente o povo palestino, que vive há décadas uma situação de contínua ocupação e anexação de partes do seu território, situação inaceitável em pleno século XXI”, criticou.
Pediu, por isso, que prevaleça o “bom senso” e a necessária contenção para evitar colocar em risco a vida de civis de ambos os lados e uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza, que apelidou de “verdadeira prisão a céu aberto reduzida a escombros”.
Uma situação que “perdura há anos” e que recorda a necessidade da implementação “sem mais hesitações” das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas para a criação do Estado da Palestina, prosseguiu o chefe do executivo angolano.
“Tenhamos a coragem de dar este passo histórico, que se apresenta como a única solução viável e definitiva para se pôr cobro a um conflito que tantas vidas humanas vem ceifando”, exortou João Lourenço.
Para o chefe de Estado angolano, a incapacidade demonstrada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas perante a necessidade de resolução de conflitos “reforçam a urgência de se fazerem reformas neste órgão”.
João Lourenço sublinhou ainda que Angola “tem feito ouvir a sua voz” nos vários espaços regionais e globais, defendendo soluções pacíficas para os conflitos internacionais nos marcos da Carta das Nações Unidas.
Lamentou ainda o eclodir da guerra na Ucrânia “que abriu espaço para uma confluência entre as crises humanitária, alimentar, económica e energética, sem precedentes na história recente da humanidade” e abordou os esforços diplomáticos de Angola para o fim do conflito no leste da República Democrática do Congo.
Ainda no que diz respeito a África, falou sobre o conflito no Sudão “guerra da qual pouco se fala”, mas que deveria ter já suscitado a convocação urgente de uma cimeira extraordinária da União Africana (UA) “pela desestabilização que pode causar numa vasta região de países vizinhos”.
João Lourenço destacou também o tema do terrorismo e golpes de Estado na região do Sahel e da África Ocidental, “que constituem também motivo para estarem permanentemente na agenda” da UA.
Comentários