De acordo com dados do último relatório sobre a Base Monetária Ampla do Banco Nacional de Angola (BNA), compilados hoje pela Lusa, em novembro foram colocados em circulação (física) no país mais 1.975 milhões de kwanzas (9,8 milhões de euros), um aumento de 0,5 por cento face ao mês anterior.

Este registo corresponde igualmente ao terceiro valor mensal mais alto do ano, segundo o histórico do BNA.

Desde janeiro de 2017, quando o dólar atingiu valores máximos de vários meses no mercado de rua, o BNA já retirou de circulação 61.837 milhões de kwanzas (309 milhões de euros), numa estratégia que permite valorizar a moeda nacional.

Ao retirar moeda nacional de circulação, o banco central angolano consegue travar a pressão cambial provocada pela cotação de moeda estrangeira (dólar e euro) no mercado paralelo, que serve de indicação a vários setores.

Em agosto, mês de eleições gerais em Angola, o dinheiro em circulação subiu para 451.023 milhões de kwanzas (2.250 milhões de euros), o melhor registo desde fevereiro. Contudo, de agosto para setembro registou-se uma nova quebra, de quase 4%, praticamente anulando o aumento do dinheiro físico a circular registado no mês anterior.

Entre setembro e outubro, o dinheiro em circulação física em Angola aumentou 2%, seguindo-se nova injeção em novembro.

Um dos efeitos mais visíveis da descida do número de notas e moedas em circulação desde janeiro de 2017 é a subida e manutenção do valor do kwanza no mercado paralelo, travando a valorização do dólar norte-americano nestas transações, ilegais, mas também a única solução para quem tenta, sem sucesso, aceder a divisas nos bancos.

Depois de máximos de 500 kwanzas (2,50 euros) por cada dólar, nos primeiros dias do ano, comprar a nota norte-americana no mercado paralelo desceu até aos 375 kwanzas (1,87 euros). O mercado de rua terminou o ano a transacionar o dólar acima dos 400 kwanzas (dois euros).

No final de 2015, Angola tinha em circulação 519.588 milhões de kwanzas (2.643 milhões de euros).

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo.