António Costa falava aos jornalistas após ter visitado uma obra da empresa portuguesa Mota Engil para a construção do novo Hospital de Hematologia Pediátrica de Luanda, que foi o último ponto do programa de visita oficial de dois dias a Angola.

De acordo com o líder do executivo português, a partir de agora, as visitas de alto nível entre as autoridades políticas de Luanda e de Lisboa "retomarão o seu ciclo normal".

"Entre mim e o Presidente da República há a combinação de alternarmos as visitas aos diferentes países. Portanto, tendo eu vindo este ano a Angola, é muito provável que o senhor Presidente da República esteja aqui no próximo ano. E assim sucessivamente: Temos de ir mantendo a regularidade desta relação [luso-angolana] que, como se vê, é muito intensa ao nível económico, entre as diferentes administrações ou entre empresas", declarou o primeiro-ministro.

Para 23 e 24 de novembro está prevista a visita de Estado do Presidente da República de Angola, João Lourenço, a Lisboa.

Antes desta deslocação de António Costa a Angola, a última visita oficial de um primeiro-ministro português tinha acontecido em 2011, quando Pedro Passos Coelho assumiu a chefia do Governo.

"Sete anos sem um primeiro-ministro [português] vir cá foram 11 diferentes acordos que estavam por assinar. E ainda há alguns para serem assinados em novembro por ocasião da visita do Presidente João Lourenço [a Portugal]. Portanto, não podemos deixar acumular tanto trabalho, havendo hiatos tão grandes nas nossas visitas", sustentou o primeiro-ministro.

Em relação aos dois dias de visita oficial a Angola, António Costa defendeu que "o objetivo central" da sua viagem passou por dar "um sinal claro de confiança às comunidades portuguesas e angolanas no que respeita à excelência das relações entre os dois países".

"E esse sinal de confiança foi dado, quer ao nível do relacionamento político, quer ao nível dos instrumentos que os dois governos assinaram, casos do acordo para evitar a dupla tributação, o novo Programa Estratégico de Cooperação (2018/2022) ou o reforço muito significativo da linha de crédito de apoio às exportações", enumerou.

António Costa referiu-se também a uma das questões mais delicadas: as dívidas a empresas portuguesas por parte de diversas entidades públicas angolanas.

"O governo angolano assumiu compromissos muito claros", disse, apontando como exemplo a posição transmitida pelo ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, esta manhã, na abertura de um fórum económico.

Um compromisso que o primeiro-ministro considerou "perfeitamente articulado e ajustado com o calendário da visita do Presidente João Lourenço a Portugal".

O ministro das Finanças de Angola afirmou que em novembro o seu governo encerrará o processo de certificação de dívidas a empresas portuguesas, tendo já assumido um valor por regularizar na ordem dos 90 milhões de euros.

Este mesmo responsável estimou em cerca de 300 milhões de euros o volume de dívida ainda não certificada, advertindo que parte dela foi contraída em desrespeito pelas normas orçamentais angolanas.

De acordo com António Costa, a par do plano político, está a ser desenhado um novo quadro normativo para servir de base à cooperação luso-angolana futura.

"Os problemas estão a ser vencidos progressivamente, o que contribui para reforçar a confiança das empresas portuguesas no sentido de continuarem a investir em Angola. Por outro lado, também quero dizer que o investimento angolano é bem-vindo, já que Portugal necessita dele para o país continuar a crescer", afirmou.

Durante a sua visita à obra da Mota-Engil, o primeiro-ministro teve a companhia do presidente da empresa, António Mota, e do administrador e antigo ministro socialista Jorge Coelho.

Antes, a meio da tarde, António Costa visitou nos arredores de Luanda a Angonabeiro, uma empresa do grupo Delta dedicada à torrefação de café, que está a expandir a sua produção no mercado angolano na área da distribuição alimentar e que, por outro lado, exporta já cerca de 300 toneladas de café produzido em Angola.

Tendo ao seu lado o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, e o responsável do grupo Delta João Manuel Nabeiro, o primeiro-ministro incentivou as empresas nacionais a fazerem parcerias para o desenvolvimento agroalimentar de Angola, destacando então as potencialidades das produções de café.

Para António Costa, a Angonabeiro "é um bom exemplo de como as empresas portuguesas podem ser parceiras do governo de Angola no seu objetivo de diversificação da base económica angolana".

"Esta é uma empresa da agroindústria que compra o café produzido pelos agricultores angolanos, que é parceira deles na melhoria das respetivas condições de produção, que trata o café, faz a moagem e a sua comercialização sob a marca ‘Ginga', o que é muito importante", declarou o líder do executivo, tendo a escutá-lo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto.

[Notícia atualizada às 19h38]

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