"Depois de seis anos no exercício de funções como primeiro-ministro, depois dos últimos dois anos num combate sem precedentes contra uma pandemia, (...) é com muita emoção que assumo esta responsabilidade que os portugueses me confiaram", disse António Costa.

O líder socialista acrescentou que "esta foi uma vitória da humildade, da confiança e pela estabilidade."

"Os portugueses desejam um governo do PS para os próximos quatro anos", resumiu Costa.

"Os portugueses mostraram um cartão vermelho a qualquer crise política e manifestaram o seu desejo de nos próximos anos contarem com estabilidade, com certeza e segurança. Um rumo certo para o nosso país", disse. "Devo interpretar esta vitória como um voto de confiança, como uma enorme responsabilidade pessoal de promover consensos na Assembleia da República", acrescentou.

Mas "uma maioria absoluta não é o poder absoluto, não é governar sozinho, é uma responsabilidade acrescida e governar é para governar com e para todos os portugueses", garantiu.

Assim, “quando for indigitado pelo senhor Presidente da República, promoverei reuniões com todas as forças políticas, com a exceção daquela que disse que não faz sentido consumir tempo de diálogo”, afirmou Costa, referindo-se ao Chega.

O líder do PS disse ainda que  “prosseguirá uma relação de cooperação leal e solidária com os órgãos de soberania, designadamente com o Presidente da República”.

O secretário-geral do PS procurou afastar também os riscos democráticos da maioria absoluta socialista na próxima legislatura, dizendo que ele próprio será “o primeiro garante” que de não se pisará o risco no exercício do poder.

Esta posição foi transmitida por António Costa no período de respostas a perguntas dos jornalistas, depois de ter obtido a maioria absoluta nas eleições legislativas de domingo.

Questionado se mantém a declaração de que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não permitirá que o PS, com maioria absoluta, pise o risco no exercício do poder, António Costa respondeu: “O primeiro garante de que não pisaremos o risco sou eu próprio”, declarou.

Em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, o líder socialista disse esperar que “continue a exercer o seu mandato presidencial e as suas competências próprias nos temos da Constituição, como tem habituado os portugueses a fazer”.

 “E como os portugueses ainda há um ano renovaram a confiança no senhor Presidente da República para continuar a exercer. Não havemos de esperar outra coisa com certeza”, disse.

Neste contexto, o secretário-geral do PS disse que manterá “sempre um diálogo permanente no quadro institucional da Assembleia da República e de solidariedade institucional com o Presidente da República”.

“Eu acho que, se há coisa que os portugueses têm registado, é que creio que nunca houve um período tão longo da nossa história onde o relacionamento entre Presidente da República, Assembleia da República e Governo tenha sido não só tão pacífico, tão construtivo como aquele que tem existido nos últimos seis anos”, sustentou.

Depois, em termos de linhas política, António Costa referiu que o PS tem um programa.

“Naturalmente vamos ser fiéis ao programa, vamos ser fiéis a todos os compromissos que assumimos até agora, e iremos cumpri-los um a um, designadamente aqueles que constavam do Orçamento do Estado para 2022. Compromissos que eu repetidamente referi durante a campanha eleitoral que iríamos implementar e que iremos implementar”, acrescentou.

Antes de se despedir, António Costa deixou agradecimentos pelo apoio que lhe dera cidadãos do mundo económica, da cultura e da ciência, mas fez uma referência especial aos sindicalistas.

“Sindicalistas que, não sendo militantes do PS, quiseram declararam publicamente apoio à nossa candidatura. Com eles quero partilhar por inteiro esta nossa vitória”, assinalou.

No final da sua intervenção, o secretário-geral do PS deu um grande abraço à antiga campeã olímpica da maratona Rosa Mota, que, durante a campanha, foi criticada por causa de ter proferido palavras excessivas em relação ao presidente do PSD, Rui Rio, enquanto presidente da Câmara do Porto