“As imagens estão gravadas, eu não disse obviamente que o problema das urgências era a culpa dos portugueses. […] Eu não disse, ponto”, afirmou na Assembleia da República, durante o debate quinzenal, em resposta ao deputado André Ventura.
O chefe de Governo disse ter falado numa “realidade estatística”, que demonstra haver “em Portugal um recurso às urgências que é mais do dobro da média da OCDE”.
“E que isso implica necessariamente uma nova metodologia de encaminhamento e de referenciação para que as pessoas possam ter a assistência que necessitam de ter o mais próximo da sua casa, ou seja, na sua unidade local de saúde, e não terem a necessidade de ir para o hospital. Foi isto que eu disse”, salientou.
O primeiro-ministro defendeu também “maior racionalidade nos serviços de urgência”.
“Isso significa que nós temos que organizar melhor as urgências, de uma forma mais racional, sobretudo nas grandes cidades”, afirmou, considerando igualmente ser necessário “racionalizar o número de profissionais que tem de estar de escala em cada urgência” para aproximar Portugal dos padrões internacionais.
Na sua intervenção, o líder do Chega questionou António Costa se disse ou não “que a culpa dos atrasos nas urgências é porque há utentes a mais”, mas, ainda antes da resposta, acusou o chefe de Governo de dizer “aos portugueses para não irem às urgências”.
André Ventura afirmou também que o primeiro-ministro é “o destruidor do Serviço Nacional de Saúde e do sistema privado de saúde”.
O presidente do Chega apontou a existência de “1,6 milhões de portugueses sem médico de família” e indicou que o “problema só pode estar num sítio”, considerando que o Governo é composto por “incompetentes a gerir o país”.
Lembrando que António Costa é primeiro-ministro há oito anos, Ventura afirmou que o Governo “tem despejado dinheiro do SNS” e questionou “onde anda a pôr” estas verbas, assinalando os constrangimentos e encerramentos nos serviços de urgência.
Na resposta, António Costa destacou o número de consultas e cirurgias realizadas até agora no SNS e defendeu que, “antes de proclamar o caos, convém ver o mundo e respeitar os profissionais que fazem um trabalho extraordinário”.
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