O chamado “Conselho da Primavera”, tradicionalmente dedicado a assuntos económicos, tem em agenda uma análise ao estado da economia europeia e um debate sobre política comercial, mas o destaque dos trabalhos é a eleição do presidente do Conselho, numa disputa entre dois compatriotas: o atual detentor do cargo, Donald Tusk, e o eurodeputado Jacek Saryusz-Wolski.

Tusk, que sucedeu ao belga Herman van Rompuy em finais de 2014 na presidência do Conselho, é o grande favorito à (re)eleição, pois conta com o apoio da generalidade dos Estados-membros, sendo conhecida apenas a objeção de uma capital: Varsóvia.

A oposição do Governo polaco à reeleição de Tusk prende-se com a antiga e conhecida animosidade entre o atual presidente do Conselho Europeu e Jaroslaw Kaczynski, líder da principal força política polaca, o partido ultraconservador Direito e Justiça (PiS), no poder, que decidiu então apresentar o seu próprio candidato, Saryusz-Wolski, um “ilustre desconhecido” em Bruxelas, que para já só conta mesmo com o apoio declarado da Polónia.

Pelo contrário, vários líderes europeus, como a chanceler alemã Angela Merkel, já manifestaram publicamente o seu apoio a Tusk para um novo mandato (de junho de 2017 a novembro de 2019).

O primeiro-ministro português também já afirmou publicamente que Portugal está satisfeito com o trabalho de Donald Tusk no primeiro mandato e que não vê razões para que não seja reconduzido, ainda que pertença – tal como os presidentes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu – à família política do PPE (Partido Popular Europeu, de centro-direita, no qual estão integrados PSD e CDS-PP).

Depois da eleição, os líderes passam aos outros pontos da agenda, dominada pela questão das migrações e pela análise à situação económica, não sendo no entanto esperadas quaisquer decisões significativas neste Conselho.

Na sexta-feira, os líderes europeus voltam a reunir-se informalmente a 27 — sem a primeira-ministra britânica Theresa May, um figurino que tem vindo a ser adotado desde o referendo no Reino Unido que ditou o ‘Brexit’ — para preparar a cimeira do 60.º aniversário do Tratado de Roma, a ter lugar na capital italiana em 25 de março, e na qual os líderes europeus adotarão uma estratégia para o futuro da União Europeia.

A anteceder a cimeira de líderes da UE, realizam-se as tradicionais “mini-cimeiras” partidárias preparatórias. António Costa participará na reunião dos Socialistas Europeus, mas o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, cuja presença estava prevista para a reunião do PPE, afinal não se deslocará a Bruxelas devido a um “impedimento de última hora”, revelaram fontes partidárias.