António Costa, que hoje visitou a fábrica da Renova, em Torres Novas, no distrito de Santarém, reagia à demissão do primeiro-ministro de Itália após o resultado do referendo realizado no domingo.

O primeiro-ministro português espera que aquele país “rapidamente reencontre estabilidade política e tenha condições para continuar a ser um dos grandes motores do projeto europeu como tem sido desde a sua fundação”.

A Matteo Renzi, o primeiro-ministro português desejou “sucesso nas suas próximas iniciativas” e que mantenha a participação ativa no projeto europeu, “porque tem muito a dar, é uma força de energia, de criatividade, de combatividade que fará muita falta à Europa se se retirar do Conselho Europeu”.

Costa referiu o “enorme descontentamento” das pessoas relativamente ao funcionamento da Europa, que atribuiu à forma como a crise foi gerida, considerando que a Comissão Europeia e o seu presidente, Jean-Claude Juncker, “têm tido iniciativas muito importantes”.

“A nova comunicação que fizeram agora sobre política orçamental é mais um passo importante, mas é essencial que ao nível do Conselho haja uma maioria também que ajude a Comissão Europeia a levar para a frente esta inversão de política”, afirmou.

Questionado sobre o impacto da situação em Itália na economia portuguesa, o primeiro-ministro afirmou que a recuperação a que o país tem assistido “assenta em bases sólidas”, dando o exemplo do investimento que hoje testemunhou na Renova e que vai permitir aumentar a produção da fábrica em 50% e quase duplicar a exportação nos próximos anos.

“O que leva a Renova a investir tem a ver com a confiança que têm na qualidade do seu produto, força da inovação que introduzem, da modernização que fazem, da qualidade dos seus trabalhadores, do esforço dos seus acionistas. É nessa base que assentamos a recuperação da economia portuguesa”, disse, referindo os vários casos de empresas, nacionais e estrangeiras, que estão a investir e com as quais tem contactado no âmbito da iniciativa “Mais Crescimento”.

António Costa salientou o facto de o investimento em máquinas e equipamentos ser a rubrica que mais aumentou este ano comparativamente a 2015, sinal de que as empresas estão a apostar num aumento e na renovação da produção, e o facto de todos os concursos de financiamento abertos no âmbito do Portugal 2020 contarem com projetos de empresas nacionais.

“Temos visto que a população ativa está a aumentar, o desemprego está a baixar, o que significa que as empresas estão a contratar pessoas, a aumentar os seus quadros para poderem responder a estas necessidades de aumento de produção”, afirmou.

Itália deve manter-se no projeto europeu após demissão de Renzi

O Partido Socialista português considerou hoje que Itália deve manter-se empenhada no projeto de construção europeia, após a demissão do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, na sequência no referendo constitucional de domingo.

“O Partido Socialista sublinha a importância de a Itália, país fundador da União Europeia, continuar a dar o seu contributo ativo para o projeto de construção europeia”, refere uma nota do PS enviada à agência Lusa.

Na mesma nota, o PS exprime ainda o desejo de que a Itália “mantenha o seu empenho na promoção de uma Europa mais forte e solidária”.

O apuramento oficial dos votos no referendo celebrado no domingo em Itália confirmou hoje a vitória do ‘não’ à reforma constitucional proposta pelo primeiro-ministro, Matteo Renzi, com 59,95% dos boletins depositados nas urnas.

A reforma do chefe do Governo foi apoiada por 40,05% dos eleitores que foram votar.

Renzi anunciou hoje que apresentará a sua demissão ao Presidente da República, Sergio Mattarella, como consequência do resultado.

Os italianos votaram em referendo uma reforma constitucional que visava reduzir o poder do Senado e aumentar a estabilidade política, mas que se transformou num plebiscito ao primeiro-ministro.

Apoiantes e detratores da reforma fizeram campanha como se o referendo fosse de facto um teste à gestão de Renzi, mas foi o próprio quem personalizou a reforma e anunciou que se demitiria se ela fosse chumbada.

A reforma, como a caracterizou Renzi, pretendia modernizar Itália, reduzir os custos da política, agilizar o processo legislativo e facilitar a estabilidade num país que teve 63 governos nos últimos 70 anos.