Numa entrevista à Rádio Renascença, em que elogiou o contributo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para a estabilidade política no país, António Costa foi questionado se tem "o sonho" de conseguir uma maioria absoluta para o PS nas próximas eleições legislativas.

"Não tenho sonhos desses", respondeu imediatamente, começando por alegar que o voto cabe aos cidadãos e que não espera que haja eleições antes do final da legislatura.

"Para mim, uma coisa é certa: Esta solução governativa é uma boa solução com maioria absoluta ou sem maioria absoluta. Se, no final da legislatura, houver eleições e houver maioria absoluta, da minha parte entendo que, havendo disponibilidade do Bloco de Esquerda, do PCP e do PEV para renovarem este acordo, seria útil que isso acontecesse", sustentou o líder dos socialistas.

Na perspetiva do primeiro-ministro, a mudança que se registou nesta legislatura no sistema partidário "melhorou a qualidade da democracia, o nível de integração política e o nível de participação".

"Isso contribuiu muito para que a sociedade esteja hoje mais distendida e mais confortável consigo própria. Temos de nos habituar a viver nestas diferenças e acho que é positivo", completou.

Interrogado sobre a possibilidade de entrada do Bloco de Esquerda e do PCP no Governo, António Costa alegou que os próprios, comunistas e bloquistas, no final de 2015, entenderam que "esse não deveria ser o caminho".

"Acho que as coisas têm funcionado bem e isso tem acontecido porque todos temos mantido a margem de liberdade de preservar a identidade de cada um. Estamos bem assim e, portanto, em equipa que ganha não se mexe", advogou.

O secretário-geral do PS afastou depois a possibilidade de haver uma coligação pré-eleitoral com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV para as próximas eleições legislativas, considerando que tal "não faz sentido".

"As diferenças políticas entre os partidos são suficientemente profundas para impossibilitar uma coligação pré-eleitoral", justificou.