"O Presidente da República recebeu a renúncia ao cargo de Conselheiro de Estado do Prof. Doutor António Damásio, por razões pessoais, tendo decidido designar para aquelas funções a Maestrina Joana Carneiro", lê-se na nota da Presidência da República, publicada esta manhã.
"Os cinco membros nomeados pelo Presidente da República são agora Leonor Beleza, Lídia Jorge, Joana Carneiro, António Lobo Xavier e Luís Marques Mendes", termina o comunicado.
Presidido pelo chefe de Estado, este órgão de consulta tem como membros por inerência os titulares dos cargos de presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, presidente do Tribunal Constitucional, provedor de Justiça, presidentes dos governos regionais e antigos presidentes da República.
Nos termos da Constituição, integra ainda cinco cidadãos designados pelo chefe de Estado e cinco eleitos pela Assembleia da República.
A saída de António Damásio sucede depois de o jornal Expresso ter noticiado, na semana passada, que o Tribunal Constitucional obrigou o neurocientista a entregar declarações de património e rendimentos.
De acordo com o semanário, António Damásio tem argumentado com a dupla nacionalidade e com o facto do seus rendimentos e património estarem no estrangeiro para não entregar a declaração.
Segundo o acórdão do TC, que o Expresso teve acesso, a justificação não é aceite, entendendo que na qualidade de membro do Conselho de Estado, António Damásio está sujeito às obrigação legal de todos os titulares de cargos políticos.
A maestrina, de 47 anos, é uma das mais reconhecidas figuras portuguesas no circuito internacional de música erudita. Joana Carneiro deixou de ser maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) no final de 2021, altura em que terminou o seu mandato, depois de oito anos à frente da OSP, tendo sido sucessivamente reconduzida, até comunicar o seu desejo de cessar funções.
Atualmente, é a convidada principal da Real Filharmonia da Galiza e diretora artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra, de acordo com a Fundação Calouste Gulbenkian e o seu próprio 'site'.
A maestrina desempenhava outras funções fora do Opart, nomeadamente as de diretora artística do Estágio Gulbenkian para Orquestra. Ao longo da carreira, trabalhou com múltiplas orquestras a nível internacional — mais recentemente, estreou-se na Ópera de Paris e na Ópera Nacional Inglesa.
Em 2010, dirigiu o concerto "Rei Édipo/Sinfonia dos Salmos", com encenação de Peter Sellars, sobre as duas obras de Igor Stravinsky, que recebeu um prémio Helpmann.
Em 2017, dirigiu a Orquestra Filarmónica Real de Estocolmo, no concerto da cerimónia de entrega dos prémios Nobel na capital sueca.
Entre 2009 e 2018, foi diretora musical da Orquestra Sinfónica de Berkeley, nos Estados Unidos.
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