Os valores, avançados pelas duas partes, estarão em vigor a partir do próximo ano, e foram acordados numa reunião realizada na quarta-feira à noite no Ministério das Infraestruturas e da Habitação, em Lisboa.
De acordo que a Antram – Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias, o acordo foi conseguido na sequência de “uma dura negociação” e permite um aumento mínimo de 140 euros para motoristas de mercadorias gerais e de 266 euros para quem transporta matérias perigosas.
A estes valores “acrescerão os impostos que as empresas terão de suportar”, sendo que, “no total, este aumento comporta um custo total de mais de 300 euros por mês por cada trabalhador”, refere a Antram em comunicado hoje divulgado.
“O custo que as empresas suportarão por trabalhador por ano aumenta em mais de 4.000 euros através deste novo acordo”, acrescenta a associação.
Considerando que 2020 será “um ano histórico” e que este foi “um dos mais bem conseguidos acordos de que há memória”, a Antram adianta esperar que haja uma “alteração muito elevada no que respeita a tempos de espera/cargas e descargas destes trabalhadores”.
Também a Fectrans considerou que o acordo resolve algumas das “questões nucleares” dos trabalhadores, como referiu hoje, em conferência de imprensa, o coordenador nacional da federação, José Manuel Oliveira.
O responsável da Fectrans sublinhou que este “memorando de entendimento” melhora e valoriza questões como as diuturnidades e ajudas de custo, e muda conceitos de atribuição de regras de ajudas de custo diárias no transporte ibérico e internacional.
José Manuel Oliveira adiantou ainda que será realizada uma “discussão interna” no âmbito da federação, com dirigentes e associados, para retomar as negociações na primeira semana de setembro e “concluir a revisão global do contrato coletivo de trabalho”, para que este possa ser publicado este ano e entre em vigor a partir de janeiro de 2020.
O porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) reagiu, entretanto, ao anúncio do acordo, considerando que foi feito à revelia dos motoristas e dizendo acreditar ser ainda possível hoje uma reunião com o patronato.
Trata-se de um “acordo que foi assinado à revelia de tudo aquilo que os motoristas pretendiam. O país está em estado de crise energética porque os motoristas têm-se revoltado e têm reclamado condições que não são aquelas que estão no acordo, e a Antram e a Fectrans resolveram celebrar um acordo contra a vontade dos motoristas”, disse Pedro Pardal Henriques à comunicação social em Aveiras de Cima, distrito de Lisboa.
Para o porta-voz do SNMMP, “a Fectrans deveria representar a vontade dos sócios e não foi aquilo que aconteceu”.
“Fez aquilo que os dirigentes assim o entenderam e, ainda por cima, patrocinado, com pompa e circunstância, pelo ministério, que saiu para anunciar o acordo histórico”, declarou.
Sobre o desafio feito à Antram para uma reunião hoje à tarde, Pardal Henriques disse que estaria às 15:00 na Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), em Lisboa, a aguardar que a associação tenha a coragem de falar com o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), o que até às 15:55 não tinha acontecido.
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