“O anúncio que foi feito é muito pobrezinho, vamos ver em que é que se concretiza, mas o Governo já conhecia desde janeiro qual tinha sido o valor da inflação em 2022. Parece que acordou agora”, disse Isabel Camarinha, no final do plenário de sindicatos da CGTP, que se realizou na Voz do Operário, em Lisboa.
Para a líder sindical, o anúncio feito no parlamento, na quarta-feira, pelo primeiro-ministro, António Costa, manifestando abertura para rever aumentos salariais na função pública este ano seguiu-se à “intensa luta que os trabalhadores têm vindo a desenvolver porque não podem continuar a empobrecer a trabalhar”.
“Toda esta luta tinha de ter algum efeito”, realçou Isabel Camarinha, referindo-se em particular à greve nacional promovida pela Frente Comum de sindicatos da administração pública, no dia 17, e à manifestação nacional da CGTP, no dia seguinte, em Lisboa.
O aumento salarial este ano na função pública “foi ínfimo” e “não garante nem de longe a reposição do poder de compra a estes trabalhadores”, por isso “espera-se que agora o Governo apresente uma proposta que melhore o nível dos salários e que garanta também outros direitos”, acrescentou.
“Temos vindo a assistir aos anúncios e à propaganda que é feita em torno dos resultados do Orçamento do Estado para 2022, de aumento da receita face às expectativas, agora vamos ver em que é que isso é aplicado”, frisou ainda a líder da intersindical.
Para Isabel Camarinha, a revisão salarial terá de ser aplicada com retroativos a janeiro e acompanhada de medidas de controlo dos preços e taxação dos “lucros brutais que os grandes grupos económicos e financeiros continuam a apresentar”.
O primeiro-ministro mostrou na quarta-feira disponibilidade para rever os salários dos trabalhadores da função pública, referindo que a inflação em 2022 foi superior à que o Governo tinha inicialmente previsto.
“Porque verificamos que há uma alteração dos pressupostos com base nos quais foram assinados os acordos com a função pública, [estamos disponíveis] para falar com os sindicatos em matéria de rendimento dos trabalhadores da função pública”, declarou António Costa no debate sobre política geral, no parlamento, em resposta ao PCP.
O líder do executivo salientou que, quando foram assinados os acordos relativos aos salários da função pública, se previa que a inflação fosse de 7,4% em 2022.
“Sabemos que a inflação final de 2022 foi de 7,8% e, portanto, temos disponibilidade para haver uma revisão, tendo em conta aquilo que é a alteração no que diz respeito aos salários”, reforçou.
Este ano, em janeiro, a base remuneratória da administração pública aumentou de 705 euros para 761,58 euros, enquanto os trabalhadores que ganham até cerca de 2.600 euros brutos receberam um aumento de cerca de 52 euros e, a partir desse valor, foi aplicada uma atualização de 2%, sendo o aumento médio de 3,6%, de acordo com o Governo.
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