Com 100% dos votos contados, Luiz Inácio Lula da Silva venceu as presidenciais brasileiras de domingo por uma margem estreita, recebendo 50,9% dos votos, contra 49,1% para Jair Bolsonaro, que procurava obter um novo mandato de quatro anos.

Durante quase 48 horas, o chefe de Estado e candidato derrotado, Jair Bolsonaro, manteve o silêncio. Sabia-se, portanto, que não tinha telefonado a Lula da Silva para o felicitar e não fez também qualquer declaração pública desde o anúncio do resultado.

Contudo, em alguma altura teria de falar. E foi o que fez. Num discurso sem direito a perguntas dos jornalistas, o ainda presidente brasileiro deixou alguns apontamentos ao país.

Agradeceu: "Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30";

Falou da manifestações: "Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população";

Reforçou as suas convicções: "A nossa robusta representação no Congresso mostra os nossos valores: Deus, Pátria, Família e Liberdade";

Falou do futuro: "Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Os nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso";

E do passado recente/presente: "Mesmo enfrentando todo o sistema, superámos uma pandemia e as consequências de uma guerra".

Contudo, Jair Bolsonaro em momento algum do seu discurso cumprimentou Lula da Silva, vencedor das eleições de domingo, deixando assim os habituais parabéns por dar.

Por sua vez, o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou ter recebido autorização por parte do presidente brasileiro — que prometeu continuar a cumprir "todos os mandamentos" da Constituição — para iniciar o processo de transição da presidência.

"O presidente Jair Bolsonaro me autorizou. Quando for provocado, com base na lei, nós iniciaremos o processo de transição", disse Ciro Nogueira, no Palácio da Alvorada.

"A presidente do PT [Partido dos Trabalhadores], segundo ela em nome do presidente Lula, disse que na quinta-feira será formalizado o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin. Aguardaremos que isso seja formalizado para cumprir a lei do nosso país", concluiu.