Numa conferência de imprensa, Draghi revelou que o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, lhe tinha dito esta semana que nenhum nome italiano figurava num relatório dos serviços secretos norte-americanos sobre o financiamento russo a partidos e políticos estrangeiros.

“Tive um telefonema com Blinken e foi natural perguntar-lhe o que ele sabia”, tendo ele “confirmado que não havia partidos políticos italianos na lista daqueles que tinham beneficiado de fundos russos”, detalhou o ainda chefe do Governo de Itália.

“Devemos estar confiantes”, porque “a democracia italiana é forte, não será derrotada por inimigos estrangeiros e pelas suas marionetas contratadas”, afirmou.

“É evidente que a Rússia conduziu uma operação contínua de corrupção em muitos setores da Europa e dos Estados Unidos nos últimos anos, mas “não esqueçamos que a democracia italiana é forte”, repetiu.

O Washington Post noticiou terça-feira que os Serviços secretos norte-americanos acusam a Rússia de ter financiado em 300 milhões de dólares partidos e candidatos de outros países com o objetivo de influenciar a sua vida política, citando fontes governamentais não identificadas do governo dos EUA.

O antigo presidente do Banco Central Europeu respondeu também, sem rodeios e com um “não”, quando lhe perguntaram se estaria disposto a cumprir outro mandato como primeiro-ministro.

Um grupo centrista que se constituiu como “terceiro bloco” para as eleições gerais de 25 de setembro, com partidos como o Azione (Ação), de Carlo Calenda, e Itália Viva, de Matteo Renzi, defende que Draghi deve manter-se à frente do governo se não houver um vencedor claro depois das eleições.

Draghi foi ainda questionado sobre os laços de Giorgia Meloni, a líder do partido de extrema-direita Irmãos de Itália, e de Matteo Salvini (Liga), com a Hungria de Viktor Orban, ao que respondeu que há que “perguntar-se como se escolhem os aliados”.

“Certamente com base em coincidências ideológicas, mas também com base na proteção dos interesses dos italianos”, declarou.

“Temos uma ideia diferente da Europa, defendemos o Estado de Direito, os nossos aliados são a Alemanha, a França que defendem o Estado de Direito”, concluiu.

Draghi apresentou a sua demissão em 21 de julho, devido à falta de apoio num voto de confiança da Liga e do Força Itália que faziam parte da coligação de unidade nacional formada em fevereiro de 2021.