"Neste ano, seguramente, o Governo pôs-se a jeito, cometeu erros", admitiu António Costa quando questionado se o seu executivo, apesar da maioria absoluta, não foi também fonte de instabilidade política para o país.
No entanto, o primeiro-ministro destacou que "o maior tropeção" que o Governo teve de enfrentar foi, "indiscutivelmente, a guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia e a consequência brutal que isso teve no aumento da inflação no nosso país".
"Atingiu diretamente a vida dos portugueses, foi uma surpresa", continuou o primeiro-ministro, apontando que "há um ano, quanto tivemos eleições, nem imaginava que 24 dias depois estávamos a enfrentar uma guerra e uma inflação de 7, 8%".
Todavia, quando recordado pelo jornalista António José Teixeira de que a guerra na Ucrânia não é responsabilidade do Governo, mas as 13 demissões que já se somam no executivo sim, Costa disse que há uma diferença entre os "problemas dentro do Governo" e aqueles "na sociedade e para os portugueses". "São esses [segundos] os que mais me preocupam", respondem.
"Obviamente que houve também problemas dentro do Governo, uns que tiveram consequências políticas, porque eram graves, outros que não tiveram porque não tinham essa gravidade", admitiu o primeiro-ministro, enumerando que houve casos motivados por problemas saúde, outros por questões ética ou problemas judiciais.
"Esses problemas, sem desvalorizar a sua dimensão, não se comparam com os que afetam o dia a dia dos portugueses", continuou.
Mensagem de Pedro Nuno Santos e a polémica com Medina
Questionado sobre a saída do ex-ministro Pedro Nuno Santos, António Costa confessou que ficou surpreendido com a mensagem que este lhe enviou. "Supreendeu-me. Tirou a ilação política relativamente à forma como o processo tinha decorrido, revelou publicamente e é um assunto que está esclarecido”, salientou, abordando depois a recente polémica que envolveu o ministro das Finanças, Fernando Medina, e as buscas na Câmara de Lisboa.
“Fernando Medina não foi ouvido, nem constituído arguido quanto mais acusado. As pessoas têm a noção que ser arguido é ser pré-condenado, mas não é, é o que pode acontecer a qualquer um de nós. Eu já fui arguido duas vezes e nada limitou a minha atividade”, disse o primeiro-ministro, admitindo, contudo, que "havendo uma acusação, não deve um membro do Governo manter-se em funções".
Os professores e as greves
As últimas greves e questões levantadas pelos professores foram também tema de conversa com o primeiro-ministro. António Costa confirma que as negociações "estão em curso".
“Há negociações, mas é preciso que ambas as partes queiram chegar a acordo. A ideia de que o ministro da Educação fala por si não é verdade. Quando o ministro fala sou eu que estou a falar. O que o governo propôs é uma verdadeira revolução na carreira dos professores”, disse, criticando depois a recente greve promovida pelo sindicato STOP. “Visa paralisar as escolas às horas mais incertas para perturbar o mais possível, temos dúvidas da legalidade. O direito à greve deve ser respeitado, mas os serviços mínimos é o que está previsto na lei da greve porque não ha nenhum direito que seja absoluto, não se pode fazer greves que visam apenas perturbar por perturbar”, referiu.
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