Após uma reunião presidida pelo secretário-geral do partido, Xi Jinping, o Comité Permanente do Politburo do Comité Central do PCC, a cúpula do poder na China, descreveu o trabalho de prevenção contra a pandemia no país asiático como uma “viagem extraordinária”, na qual “foi dada prioridade às pessoas e às suas vidas”, através de uma “coordenação eficaz entre a resposta contra a pandemia e o desenvolvimento económico e social”.
No final de 2022, a China começou a desmantelar as medidas altamente restritivas que vigoraram durante quase três anos no país, no âmbito da política de ‘zero casos’ de covid-19′, que incluiu o bloqueio de cidades, durante semanas ou meses, a realização com frequência quase diária de testes de ácido nucleico e o encerramento praticamente total das fronteiras.
O súbito fim da política de ‘zero casos’ ocorreu após protestos realizados em várias cidades da China. O levantamento das restrições, sem estratégias de mitigação ou uma preparação adequada do sistema de saúde, deixou famílias a lutar pela sobrevivência dos membros mais idosos, segundo contaram à agência Lusa residentes em diferentes cidades da China, à medida que uma vaga de infeções inundou os hospitais e crematórios do país.
O órgão dirigente do PCC afirmou que, após o fim da política de ‘zero casos’, se seguiu uma “transição suave”, feita num “tempo relativamente curto”, que resultou na “taxa de mortalidade por covid-19 mais baixa do mundo”.
“A China criou um milagre na História da humanidade, no qual uma nação populosa conseguiu superar uma pandemia”, descreveram os líderes chineses. “Ficou assim demonstrado que o PCC julgou corretamente a situação da pandemia e que adotou as medidas e os ajustes certos das estratégias de prevenção”, acrescentaram.
O órgão dirigente apelou ainda a “esforços para melhorar a capacidade de monitorização e resposta à covid-19” e alertou para os perigos suscitados pelo vírus, que “continua a sofrer mutações e a espalhar-se pelo planeta”, além de recomendar um “planeamento científico” para a próxima fase da pandemia.
Os hospitais chineses registaram 83.150 mortes causadas por infeção pela covid-19, entre 08 de dezembro, altura em que a China começou a desmantelar a estratégia ‘zero covid’, e 09 de fevereiro, segundo dados divulgados esta semana pelo Centro de Controlo de Doenças (CDC) do país asiático.
Especialistas afirmam, no entanto, que os dados de mortalidades estão “certamente aquém” da realidade.
“Os dados são certamente uma subestimação do número real”, afirmou à Lusa o epidemiologista e estatístico na área médica Ben Cowling, apontando que os testes laboratoriais de deteção do vírus “deixaram de ser realizados com frequência nos hospitais”, pelo que a “maioria dos casos, hospitalizações e mortes pela doença [na China] não foram confirmadas laboratorialmente”.
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