Os lares continuam a ter listas de espera, apesar do número de óbitos registado desde o início da pandemia, diz o Jornal de Notícias esta sexta-feira. Até ao final de março, morreram 4.666 pessoas nestas instituições.

Maria Luísa Silva, diretora-técnica do Asilo de S. José, em Braga, exemplifica a situação ao jornal. "Pensámos que as pessoas iam ficar com medo e não íamos ter tanta procura, mas isso não aconteceu. Tivemos tanta afluência quando reabrimos as inscrições [depois de um surto], que logo a seguir parámos de receber admissões", conta, referindo que quase uma centena de idosos está em lista de espera. "Se tivesse 50 a 100 novas vagas, ocupava-as todas. É muita gente a bater à porta", frisa.

O provedor Jorge Ribeiro, do Lar Pereira de Sousa, pertencente à Misericórdia de Melgaço, explica também que as famílias "mantiveram o nível de confiança de sempre", apesar da pandemia.

Contudo, o problema das vagas nos lares é anterior à pandemia. O presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, afirma que, "se nos próximos anos não melhorarmos a rede de lares e o apoio domiciliário, vamos ter um problema social sério".

"Há muita gente a ficar velhinha, com demência, doenças crónicas, fragilidades motoras e físicas graves. A situação vai agravar-se e, por isso, no programa de resiliência e quadros comunitários pedimos ao Governo que reforce as verbas não só para requalificação dos lares, mas também para construir novos", remata.