O jovem emigrante, Dany Reis Marcelino, que se identificou como apoiante do partido Chega, abordou Marcelo Rebelo de Sousa durante a sua visita à instituição Missão de Santa Cruz, em Montreal, enquanto filmava o chefe de Estado com o telemóvel.

“Quando é que você vai pôr o Governo abaixo?”, perguntou Dany Marcelino, acrescentando: “Porque é que você tem medo de o Chega ir para o Governo? É por isso que você não faz nada?”.

Marcelo Rebelo de Sousa respondeu-lhe que “os portugueses decidem o que querem para o Governo e, portanto, se decidirem A, é A, se for B é B”.

“Mas você tem o poder de pôr o Governo abaixo, você vai ser conhecido pelo Presidente da República que durou o PS todo”, retorquiu o jovem.

O Presidente da República lembrou então que “os portugueses votaram há um ano e pouco para este Governo” chefiado por António Costa, nas legislativas antecipadas de 30 de janeiro de 2022, que o PS venceu com maioria absoluta.

“Quando houver eleições, várias, para as autarquias, para as europeias, por aí adiante, para a Madeira, para os Açores, dirão se querem ou não querem”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

Dany Marcelino, que esteve sempre a filmar o chefe de Estado com o telemóvel e tinha uma outra câmara junto ao corpo, declarou no fim desta troca de palavras: “Já consegui o que queria”.

O jovem usava um boné com a bandeira portuguesa e a frase em inglês “Make Portugal great again” — “Fazer Portugal grande novamente” –, uma adaptação do ‘slogan’ do anterior Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump.

Questionado pela agência Lusa, Dany Marcelino identificou-se como apoiante do Chega, mas não militante, afirmou estar ”farto de ver a mesma coisa” na política portuguesa e defendeu que é preciso “deixar um pouco o politicamente correto”.

O Presidente da República chegou a Montreal na quarta-feira, para uma visita de cinco dias ao Canadá, país onde segundo o recenseamento de 2021 vivem perto de 450 mil pessoas de origem portuguesa.

Fazem parte da sua comitiva o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e os deputados João Azevedo e Castro, do PS, Francisco Pimentel, do PSD, Diogo Pacheco de Amorim, do Chega, Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Bruno Dias, do PCP, e José Soeiro, do Bloco de Esquerda.