A capital dos Estados Unidos da América está sob recolher obrigatório desde as 18 horas locais (23:00 em Lisboa) depois de apoiantes do presidente cessante Donald Trump terem invadido o Capitólio (comparável à Assembleia da República, em Portugal) durante a sessão que ratificava a vitória do Democrata Joe Biden.
Os manifestantes entraram na sala do Senado já depois de os senadores, funcionários e outras pessoas presentes na sessão terem sido retirados. Nas imagens partilhadas pela imprensa é possível ver a destruição causada no interior do Capitólio, nomeadamente no gabinete da também Democrata Nancy Pelosi.
O recolher obrigatório mantém-se até às 6 horas de Washington DC (11:00 em Lisboa).
Segundo a imprensa local, pelo menos uma pessoa morreu, baleada no interior do edifício e 13 pessoas foram detidas.
As autoridades declararam por volta das 18 horas locais que o edifício do Capitólio está finalmente em segurança após agentes das forças de segurança fortemente armados porem fim a quase quatro horas de ocupação por manifestantes pró-Trump.
O anúncio "o Capitólio está seguro" foi emitido em alta voz hoje à noite num local seguro dentro do edifício onde se encontravam os membros da Câmara dos Representantes, que reagiram com um aplauso.
Ao início da noite, as forças da Guarda Nacional estavam a ser mobilizadas na capital e nos estados vizinhos, segundo a própria Casa Branca (residência oficial do presidente norte-americano) e o Pentágono (responsável pela segurança).
O envio de reforços foi anunciado pela Casa Branca e pelo Pentágono e confirmado por Ralph Northam, o governador democrata da Virgínia, estado vizinho da capital federal. Além disso, Maryland, outro vizinho, anunciou o envio de tropas da Guarda Nacional e da polícia estadual.
O porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, disse que toda a Guarda Nacional de Washington D.C., com 1.100 homens, foi convocada para garantir a aplicação da lei.
Os incidentes ocorreram durante a certificação dos resultados da eleição presidencial de novembro, nas quais o democrata Joe Biden derrotou Trump, que até agora não admitiu a derrota e pediu a mobilização de seus apoiantes.
O Presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou já que os violentos protestos ocorridos no Capitólio foram "um ataque sem precedentes à democracia" do país e instou Donald Trump a pôr fim à violência.
Pouco depois, Trump pediu aos seus apoiantes e manifestantes que invadiram o Capitólio para irem "para casa pacificamente", mas repetindo a mensagem de que as eleições presidenciais foram fraudulentas.
Donald Trump tinha convocado a manifestação junto ao Capitólio
Enquanto os representantes e senadores discutiam a objeção levantada por um grupo de republicanos à contagem dos votos no Arizona, no início da sessão de ratificação dos resultados eleitorais, apoiantes do Presidente cessante, Donald Trump, entraram no Capitólio, obrigando à suspensão da sessão.
Milhares de manifestantes tinham-se reunido hoje em Washington, protestando e contestando a vitória do democrata Joe Biden.
Num comício em frente à Casa Branca, Trump pediu aos manifestantes para se dirigirem para o Capitólio e fazer ouvir a sua voz, em protesto do que considera ser uma “fraude eleitoral”.
Os manifestantes obedeceram ao comando do Presidente cessante e dirigiram-se para o Capitólio, tendo mesmo forçado a oposição da polícia, que tentou impedir a sua entrada no edifício.
Minutos depois, agentes de segurança começaram a evacuar escritórios do Capitólio, por razões de segurança e, de seguida, aconselharam a suspensão dos trabalhos na Câmara de Representantes e no Senado.
Os trabalhos de discussão da contagem de votos eleitorais ficaram assim, para já suspensos, enquanto canais televisivos transmitem imagens de distúrbios nas escadas do Capitólio.
Vários legisladores, incluindo republicanos, usam as suas contas na rede social Twitter para criticar a ação dos manifestantes, dizendo que não se vão deixar intimidar pela sua presença ou pelos seus apelos para que a contagem de votos do Colégio Eleitoral seja rejeitada.
O Presidente cessante dos EUA, Donald Trump, disse hoje que “nunca” admitirá a derrota nas eleições presidenciais, a duas semanas da tomada de posse do democrata Joe Biden.
“Nunca iremos desistir. Nunca iremos ceder”, disse Trump durante um comício perante milhares de manifestantes que se deslocaram a Washington para o apoiar.
“Vencemos esta eleição, e ganhámos em geral”, acrescentou Trump, voltando a desafiar todas as evidências da sua derrota eleitoral.
Líderes internacionais reagem com estupefação
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse acreditar na “força da democracia” nos Estados Unidos, onde se registaram hoje violentos protestos e invasão do Capitólio, instando a uma transição pacífica de Trump para Biden.
“Acredito na força das instituições dos Estados Unidos e na democracia. A transição pacífica deve ser a base”, escreveu Ursula von der Leyen, reagindo através da rede social Twitter às fortes tensões em Washington.
Lembrando que Joe Biden foi o vencedor das eleições presidenciais de novembro passado, Ursula von der Leyen adiantou estar “ansiosa por trabalhar com ele enquanto o próximo Presidente dos Estados Unidos”.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, condenou também o “cerco à democracia norte-americana” com violentos protestos e invasão do Capitólio, vincando que os resultados das eleições presidenciais “devem ser plenamente respeitados”.
“Aos olhos do mundo, a democracia norte-americana aparece hoje à noite sob cerco. Este é um ataque invisível à democracia norte-americana, às suas instituições e ao Estado de direito”, reagiu Josep Borrell, numa publicação na sua conta oficial do Twitter.
Numa altura de tensão em Washington, o Alto Representante da UE para a Política Externa vincou que “isto não é a América”, adiantando que “os resultados eleitorais de 03 de novembro devem ser plenamente respeitados”.
Josep Borrell disse, ainda, “louvar as palavras de Joe Biden”, que pediu contenção.
“A força da democracia dos Estados Unidos prevalecerá sobre os indivíduos extremistas”, concluiu o chefe da diplomacia europeia.
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, manifestou hoje apoio e solidariedade à sua homóloga na Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, após a violenta invasão do Capitólio por manifestantes pró-Trump.
Numa mensagem dirigida à Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a que a agência Lusa teve acesso, o italiano mostra-se "profundamente perturbado" por testemunhar as cenas de violência provenientes de Washington.
"Os meus pensamentos vão para a sua segurança e a dos seus colegas e espero que a ordem possa ser rapidamente restaurada e que uma transferência de poder pacífica possa ocorrer, em linha com os desejos do povo americano", escreve o líder do Parlamento Europeu, um dos maiores do mundo.
A mensagem para a democrata Nancy Pelosi termina com uma oferta de apoio: "Tem o meu total apoio e solidariedade nestes momentos muito desafiantes".
O primeiro-ministro, António Costa, considerou hoje inquietantes os recentes episódios no Capitólio, em Washington, salientando que o resultado das eleições presidenciais norte-americanas deve ser respeitado, dando lugar a uma transição pacífica e ordeira do poder.
Esta posição foi transmitida pelo líder do executivo português na sua conta pessoal na rede social Twitter, numa mensagem em que diz estar a acompanhar "com preocupação os desenvolvimentos em Washington".
"São imagens inquietantes. O resultado das eleições deve ser respeitado, com uma transição pacífica e ordeira do poder. Confio na solidez das instituições democráticas dos Estados Unidos", escreve António Costa.
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