No próximo sábado, a escultura gigante de uma mão, com um rosto chateado, que durante os últimos cinco anos esteve na Praça Cívica em Wellington, na Nova Zelândia, vai ser retirada, avança o The Guardian.

A obra de arte, chamada Quasi, é do artista neozelandês de Melbourne, na Austrália, Ronnie van Hout, que a idealizou após o terramoto de 2011 ter atingido a sua cidade natal, Christchurch. Por sua vez, a escultura de esferovite e resina também é uma referência a Quasimodo, d'O Corcunda de Notre Dame, de Victor Hugo.

"Tudo acaba eventualmente", disse van Hout à Associated Press. "Tenho a certeza de que fará falta", continuou.

A governadora de Wellington, Tory Whanau, afirmou que Quasi gerou muita conversa e curiosidade em Wellington, e que deixou uma marca na cidade.

"Quasi mostrou-nos por que é importante ter projetos artísticos e criativos diversos na nossa cidade", salientou Whanau. “Dito isto, estou ansiosa para ver Quasi a ir para outro lugar para uma mudança", acrescentou.

A deputada central de Wellington, Tamatha Paul, contou que muitos moradores de Wellington ficaram, inicialmente, chocados e perturbados com a escultura pela sua semelhança involuntária com o ex-presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump.

Contudo, Quasi "tornou-se icónica" na cidade, atingindo o seu propósito como obra de arte, afirmou Paul.

"As pessoas tinham opiniões muito fortes sobre isto e eu acho que essa é, provavelmente, a essência da arte. Estar aberta às diferentes interpretações de todos, ao amor e ao ódio que as pessoas tinham pela obra", referiu.

Antes de Wellington, Quasi esteve três anos no topo da Christchurch Art Gallery.

Na época, um crítico de arte ficou tão indignado com a presença da escultura que escreveu uma lista com dez razões pelas quais a obra deveria ser retirada, incluindo que o dedo anelar parecia "estar a apontar de forma inapropriada".

Quando a escultura foi colocada acima da City Gallery Wellington, em 2019, provocou reações diversas, com alguns residentes a apelidarem a obra de "assustadora", e outros a acreditarem que a mesma atrairia pessoas para a galeria.

Num recente comunicado, a galeria descreveu Quasi como "disforme e incompreendida, odiada pelo povo, mas que acabou por se tornar uma grande heroína trágico-romântica".

Judith Cooke, da galeria, garantiu que foi um privilégio receber Quasi, "que teve um enorme impacto em Wellington, gerando uma maior discussão sobre a arte, em sintonia com a galeria".

"Quasi continuará a levar a sua grande personalidade onde quer que vá", disse Cooke.

Nas redes sociais, vários residentes manifestaram-se sobre a retirada da escultura. Enquanto uns se demonstraram felizes por Quasi ser retirada, outros escreveram que, se inicialmente estranharam a presença da obra, agora iriam sentir a sua falta na cidade.