Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, no final de um encontro com o Presidente da República Checa, Milos Zeman, que iniciou hoje uma visita de Estado a Portugal.
"A União Europeia deve enfrentar essas negociações unida, não através de contactos bilaterais. Com uma posição comum. É um grande desafio que iremos enfrentar nos próximos anos. E espero que seja enfrentado da melhor forma para os europeus", declarou o chefe de Estado português.
Com Milos Zeman ao seu lado, o chefe de Estado português referiu que esse "é um desafio que se pode colocar a partir do final de março, quando o Reino Unido invocar o artigo que desencadeia um processo de negociações com a União Europeia".
Marcelo Rebelo de Sousa apontou a segurança e a política externa como outros desafios da União Europeia e, em relação ao último, defendeu que deve haver "uma política externa clara, eficiente e determinada".
Ainda sobre a União Europeia, disse que na recente cimeira de Bratislava "foi decidido desenhar um roteiro para o futuro da Europa" e que "é de esperar que esse roteiro para o futuro da Europa conheça uma boa evolução nos próximos meses, porque é bom que a Europa saiba definir as suas posições perante grandes desafios que tem entre mãos".
Sobre o encontro de hoje com Milos Zeman, o Presidente português relatou que os dois trocaram impressões "sobre o que é preciso fazer na Europa para reforçar a presença europeia no mundo, para aumentar os fatores de coesão, de afirmação económica, financeira, social, política e estratégica da Europa num momento tão importante em termos internacionais".
Durante estas declarações, Marcelo Rebelo de Sousa falou também sobre as migrações, em particular as que têm origem em África, considerando que "durante muito tempo a Europa teve dificuldade em perceber a importância de olhar para o continente africano" e "em entender por que é que as crises em economias e sociedades africanas geravam a situação que conduzia a migrações".
"Encontrei políticos europeus que não entendiam a importância de a Europa estar atenta a África, não compreendiam África", acrescentou.
No seu entender, "hoje há uma compreensão crescente".
"E é evidente que este é o momento de refletir sobre se políticas tradicionais como as de ajuda ao desenvolvimento nessas economias e nessas sociedades com problemas estruturais são suficientes, e se não é preciso ir mais longe para que haja a possibilidade de criar horizontes de futuro para jovens dessas sociedades e desses Estados, para que eles não fiquem condenados a uma crise estrutural permanente, e por isso, eventualmente, também a migrações", advogou.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, é preciso olhar para as migrações "de uma perspetiva ampla", com a noção de que "há problemas estritos de segurança, mas há problemas mais vastos de compreensão e de criação de condições financeiras, económicas e sociais nessas economias e nessas sociedades para que saiam de situações estruturais de crise, ou de subdesenvolvimento".
"É essa perspetiva ampla que Portugal defende há muito tempo, e que vai à raiz dos problemas", disse, "e que espera que a Europa tenha também cada vez mais".
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