“Na sequência das declarações não refutadas que muitas fontes francesas atribuem pessoalmente ao presidente (Macron), a Argélia expressa a sua rejeição categórica da interferência inaceitável nos seus assuntos internos”, disse a presidência argelina.
Segundo o diário “Le Monde”, Macron terá descrito, na quinta-feira, o país como um “sistema político militar” com uma “história oficial reescrita” durante um encontro com descendentes de figuras proeminentes da guerra de independência argelina.
Perante esta situação, o Presidente argelino, Abdelmedjid Tebboune, decidiu chamar o embaixador argelino em França para consultas, poucos dias depois de o embaixador francês em Argel ter sido chamado, na sequência da decisão de Macron de reduzir drasticamente o número de vistos concedidos a cidadãos da Argélia, Tunísia e Marrocos.
Numa declaração emitida na noite de sábado, a presidência salientou que “as palavras em questão são um ataque intolerável à memória de 5.630.000 corajosos mártires que sacrificaram as suas vidas na sua heroica resistência à invasão colonial francesa, bem como na Gloriosa Revolução de Libertação Nacional”.
“Os crimes da França colonial na Argélia são inúmeros e satisfazem as definições mais exigentes de genocídio contra a humanidade. Estes crimes, que não estão sujeitos a qualquer estatuto de limitações, não podem ser sujeitos a manipulações ou interpretações mitigadoras”, sublinhou a Argélia.
Na linha deste argumento, o país africano lamentou “a propensão dos nostálgicos da Argélia francesa e dos círculos que se resignam relutantemente à plena independência dos argelinos para tentar esconder com acrobacias verbais e atalhos políticos os abusos, massacres, bombardeamentos, destruição de aldeias e erradicação de tribos resistentes, que constituem genocídio”.
“Esta lamentável intervenção, que contradiz os princípios que devem reger qualquer cooperação argelina e francesa em matéria de memória, tem o defeito incorrigível de promover uma versão diluída do colonialismo, em detrimento da visão estabelecida pela história”, acrescentou.
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