“A TAP sabe que, se eu estiver à frente do Ministério, comigo terão um aliado incondicional. A Argentina está disposta a investir nesse voo, apoiar e contribuir com promoção direta desse voo porque estou convicto de que é uma rota com muito potencial”, disse Gustavo Santos à Lusa durante a maior feira de Turismo da América Latina, a FIT, em Buenos Aires.

A 18 meses de abril de 2018, quando a companhia aérea portuguesa anunciou que implementaria um voo direto entre Lisboa e Buenos Aires e sem que o voo tenha sido ainda concretizado, o governo argentino mostrou-se disposto a investir na ligação.

Segundo o ministro, circunstâncias comerciais levaram a um atraso da entrega de aviões novos à TAP e à queda da procura turística da Argentina no exterior.

“A queda do turismo emissivo argentino fez com que o equilíbrio para encher esses aviões ficasse em crise. Isso será até que a economia argentina se estabilize”, admite o ministro.

Para compensar a queda, a Argentina está disposta a promover o voo da TAP e a facilitar questões comerciais.

“Será uma rota de muito sucesso e eu vou insistir com a TAP para que aceite esse objetivo. Partilhamos da mesma ideia com secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho”, afirma Santos, mostrando-se confiante: “Tenho muita esperança de que, no curto prazo, possamos ter essa boa notícia”.

O setor turístico argentino tem aumentado a passos largos na contramão de uma economia em crise aguda. Desde abril de 2018, a economia argentina convive com fortes desvalorizações da sua moeda. O peso argentino perdeu 270% do seu valor em 13 meses. A inflação acumulada nos últimos 12 meses soma 54,5%.

Esse panorama económico beneficiou a entrada de turistas no país. Durante os primeiros sete meses de 2019, a chegada de turistas estrangeiros foi recorde histórico: 4,3 milhões de turistas que representaram um crescimento de 9,4% em relação ao primeiro semestre do ano passado (o país encaminha-se a fechar 2019 com 8 milhões de estrangeiros).

Da cifra até julho, 1,8 milhões chegaram ao país de avião, representando um aumento de 19,3%. O aumento de turistas europeus foi de 14,1%. Nesse sentido, um voo da TAP a Buenos Aires teria um nível alto de ocupação, acredita o Governo.

No entanto, as viagens para o exterior têm diminuído, o que pode criar problemas à operação.

No primeiro semestre de 2019, as viagens ao exterior caíram 16,4%. Pelos aeroportos, a saída dos argentinos diminuiu em 15,4% em relação ao mesmo período de 2018.

“Uma estratégia que beneficiaria a TAP é a política de ‘stopover’ da companhia que eu valorizo muito. Isso permitira que os argentinos viajem a outros destinos na Europa, ampliando as opções da TAP”, apontou o ministro.

Apesar do recorde de 2019, o ano passado já tinha sido de crescimento com mais 7,5% de chegadas por avião, um aumento de 3,3% da Europa.

“Além da mudança, o aumento relaciona-se com a melhora na conectividade aérea tem relação com a chegada de novas linhas aéreas, com acordos de vistos com 75 países e com a devolução de impostos (IVA) aos turistas estrangeiros”, diz o ministro Gustavo Santos.

Desde o começo do governo do presidente Mauricio Macri, nove companhias entraram no mercado argentino e as 16 que já estavam acrescentaram rotas.

As políticas estatais para o setor poderão muar após uma eventual mudança de governo depois das eleições de 27 de outubro.

A TAP esteve presente na Argentina durante 37 anos, de 1968 a 2005.

Naquele ano, na contramão da tendência das companhias aéreas europeias que aumentavam as suas frequências à Argentina, a TAP decidiu fechar o seu escritório em Buenos Aires para se concentrar no trecho São Paulo – Lisboa, onde o lucro era maior, a partir da retirada da brasileira Varig dessa rota.

Desde 1992, as vendas da TAP na Argentina cresceram entre 15 e 20%, sem nenhuma campanha publicitária. No último ano antes de sair do país, faturou 2,7 milhões de dólares, com mais de um milhão de lucro a partir de uma estrutura enxuta de apenas três pessoas.

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