"Faz-nos impressão, se não revolta, que estas peças fundamentais na qualidade de vida e do ambiente em geral continuem a ser sacrificadas", observou o vice-presidente da APAP, João Ceregeiro, em declarações à Lusa.

Reconhecendo a importância das obras no reforço dos transportes públicos na cidade, o dirigente considera, contudo, que é possível rever o projeto de forma a assegurar que as obras decorrentes da construção da Linha Rosa não sejam tão impactantes à superfície, pondo em causa um jardim de elevado valor paisagístico e cultural.

Para João Ceregeiro, a "eliminação" de um jardim representa, para a cidade do Porto, uma perda importante, na medida que em a cidade tem um rácio de espaços verdes por habitante muito baixo.

"Deixo esse apelo [à Metro do Porto] para que garanta a preservação do Jardim de Sophia [na Praça da Galiza] e, caso seja necessária alguma alteração, aquilo que se pede é que seja a autora do projeto [a arquiteta paisagística Marisa Lavrador] a resolver esse processo", defendeu.

O vice-presidente da APAP lamentou ainda que a autora do Jardim do Sophia não tenha sido integrada no projeto que resulta, se for concretizado tal como está a ser proposto pela Metro do Porto, no "desaparecimento da quase totalidade do jardim".

"Parece-nos que é lamentável que não tenha sido a arquiteta paisagística Marisa Lavrador, com obra na cidade do Porto e onde este jardim é uma peça essencial, a fazer a revisão do seu projeto e a sua readequação à nova realidade em consonância com a Metro do porto", declarou.

João Ceregeiro considera, no entanto, que a Agência Portuguesa do Ambiente tem ainda uma palavra a dizer sobre a dissonância entre a Declaração de Impacte Ambiental (DIA) que alude para a preservação integral do Jardim de Sophia, e o Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução (RECAPE) apresentado pela Metro do Porto.

Neste relatório, a empresa assume como inevitável o abate/transplante de 65 árvores do Jardim de Sophia e propõe um novo desenho do Jardim de Sophia.

"Parece-nos grave porque trata-se de um espaço de reconhecido valor e pelos vistos, a súmula do projeto, não atende a sua salvaguarda", lamentou.

E acrescentou: a associação entende que deve ser revista a posição do RECAPE.

Para a associação, não se deve abrir precedentes no que respeita ao património ecológico e cultural da cidade, deve-se, quando muito transformar o projeto da Metro do Porto para aquele local num exemplo a seguir em termos de defesa ambiental.

O dirigente estende a sua preocupação para os trabalhos previsto no âmbito da extensão da linha Amarela entre Santo Ovídio e Vila D'Este, que implicam o abate de 503 sobreiros, espécie protegida que, em dezembro de 2011 foi designada pela Assembleia da República Árvore Nacional de Portugal.

A nova Linha Rosa do Metro do Porto é formada por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.

A linha Rosa está a ser contestada por vários grupos ambientalistas do Porto que pedem que a APA chumbe o RECAPE, obrigando a Metro a alterar a execução do projeto prevista para o local. Foi ainda lançada uma petição que conta com pouco mais de 1.100 assinaturas.

Na quinta-feira a Metro do Porto informou ter adjudicado a construção da nova Linha Rosa, que se materializará após validação do Tribunal de Contas.