"Vamos fazer uma concentração cultural, para celebrar a diversidade e a pluralidade contra o racismo e preconceito", disse Vicente, da organização Rede de Apoio Mútuo e porta-voz dos promotores.

A divulgação "está sendo feita por diversos coletivos de migrantes e de diversas organizações da sociedade civil que querem mostrar que a população ali da zona não está sozinha", afirmou o dirigente.

O arraial tem início às 16:00 no Largo do Intendente do dia 03 de fevereiro, duas horas antes da ação de protesto promovida por ativistas de extrema-direita, que contestam a entrada de imigrantes em Portugal, particularmente de culturas e religiões muito diferentes.

Ora, para Vicente, “as pessoas de fé islâmica ou oriundos de contextos muçulmanos também são nossas irmãs e que também merecem estar cá quanto qualquer outra”.

A manifestação “Contra a islamização da Europa” foi proibida pela Câmara de Lisboa e os seus promotores já anunciaram uma “ação de protesto” para o mesmo dia, em Lisboa, às 18:00, sem especificar o local.

O dirigente da Rede de Apoio Mútuo explicou que a opção por um arraial e não uma contramanifestação deveu-se aos receios de violência por parte de grupos neonazis.

“A gente escolheu esse modelo justamente para isso", para "ser mais uma celebração da diversidade” porque as “pessoas, num primeiro momento, ficaram com medo por causa dessa aura do gangsterismo neonazi".

O objetivo foi criar um “safe space” para quem condena o racismo e a xenofobia, contra os “gangues neonazis” que ameaçam “sair por aí e impor a sua ideologia”

Com o título “Não Passarão!”, o arraial apresenta-se como uma ação contra os movimentos xenófobos.

“É necessário dizer ‘Basta!’ a esta onda racista que cada dia ganha mais espaço no discurso público europeu e tenta agora infiltrar-se no território português”, escrevem os promotores do arraial, nas redes sociais.

“Os partidos políticos de extrema-direita sentem-se cada vez mais à vontade, baseando-se em mentiras e desinformações para ganhar apoio, enquanto são legitimados e tolerados pelos partidos tradicionais em nome do ‘jogo político’”, salienta a organização.

Para os promotores do arraial, a ação da extrema-direita visa atingir os imigrantes do Indostão que estão na zona, “com o objetivo de aterrorizar esta população, fazê-la sentir-se indesejada e propagar o ódio e o preconceito na sociedade portuguesa”

“Nos últimos meses vimos diversas situações de agressão e violência tendo como alvo a população do Sul Asiático” e “mais uma vez, corre-se o risco de pessoas migrantes serem abandonadas à sua própria sorte, depois de terem escolhido Portugal como país de residência”, escrevem ainda.