O caso já levou à detenção, em Angola, do cidadão angolano Hélder Silva, que denunciou a suposta existência dessas crianças abandonadas e com problemas de saúde num barracão nos arredores de Luanda, numa zona conhecida como Baixa de Kassange, mas a associação evangélica Pedacinho do Céu (PDC) alega desconhecer que as informações que este homem lhes enviou a pedir ajuda para essas crianças não correspondiam à verdade.
A Pedacinho do Céu queixou-se também de ter sido “omitida informação” que considerava “essencial para o esclarecimento do caso” e para a “defesa do bom nome” da instituição, numa reportagem televisiva emitida.
A associação assegurou que está “devidamente legalizada” desde 2017 para o “ensino evangélico e bíblico, escola dominical, serviços religiosos (casamentos, batizados, funerais), sessões de cinema religioso, apoio nos tempos livres para crianças necessitadas e ajuda com alimentação a pessoas carenciadas”.
A organização destacou o papel da presidente da direção, Fátima Date, nas suas atividades e a sua “vontade de ajudar pessoas necessitadas” e explicou que foi “dentro do funcionamento do culto e por intermédio duma participante angolana” que acabou por conhecer “o irmão desta, senhor Hélder Silva, que se encontrava em Angola e que assistia ao culto” por internet.
No comunicado, a associação indicou que Hélder Silva “se entusiasmou com a forma simples como a senhora Fátima Date se dedicava a ajudar pessoas” e disse ter sido aí que "nasceu a ideia de constituir uma Pedacinho do Céu em Angola, como filial da PDC Portugal", embora a "falta de recursos” tivessem impedido a sua formalizaão.
“Contudo, não parou aí a vontade de ajudar pessoas de uma comunidade angolana sita perto de Luanda detetada pelo senhor Hélder Silva e, assim, há cerca de mês e meio, a senhora Fátima começou a enviar dinheiro” para Angola de modo a “comprar alimentos e os distribuir na referida comunidade em nome da PDC”.
Helder Silva deveria “justificar a entrega desses alimentos com pequenos vídeos, que depois deveriam ser carregados na página da PDC”, e esses registos “mostravam não só a entrega de alimentos, tal como acordado, mas também uma realidade que exibia: crianças negligenciadas ao nível dos cuidados básicos, em situação de subnutrição e doenças contagiosas”, garantiu a associação, reconhecendo ter ficado surprendida quando o próprio angolano assumiu posteriormente a encenação do caso.
A PDC partiu “do pressuposto da veracidade das imagens recebidas” e Fátima Date procurou "divulgar aquelas imagens ao maior número de pessoas e instituições possíveis, que tivessem os conhecimentos nesse âmbito e pudessem realmente ajudar aquelas crianças de uma forma efetiva”.
A associação alegou ainda que a “única motivação" da exposição mediática "foi obter mais ajudas para as crianças e a comunidade local em Angola, no quadro do objeto social desta Instituição e do projeto de ajuda”.
No entanto, a organização de Olhão mostra-se “disponível para prestar os esclarecimentos tidos por convenientes” às “Autoridades Oficiais Portuguesas competentes” que o requeiram.
Entretanto, segundo o jornal Público, a Polícia Judiciária portuguesa está a investigar a associação por suspeita de burla. A Pedacinho do Céu não pediu autorização para angariar fundos nem está autorizada a tal.
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