As instalações ficam situadas no Forte da Casa, uma das localidades, juntamente com a de Póvoa de Santa Iria, mais afetada pelo surto de 'legionella'.

Em novembro de 2014, o concelho de Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, foi afetado por um surto de 'legionella', que causou 12 mortes e infetou 403 pessoas com a bactéria.

De acordo com o balanço feito na altura, as vítimas mortais tinham entre 43 e 89 anos, sendo a taxa de letalidade do surto de 3,2%.

"Devemos agradecer muito à Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pelo que tem empenhado em prol da nossa associação. Antes reuníamos em coletividades, em garagens ou em nossas casas e a partir de agora temos um espaço próprio para desenvolver o nosso trabalho", afirmou à agência Lusa o presidente da Associação de Apoio às Vítimas de 'Legionella’, Joaquim Ramos.

A sede da associação foi alvo de uma intervenção por parte da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e representa um investimento de 18 mil euros.

A preocupação de Joaquim Ramos, também ele vítima da 'legionella', é a forma como está a decorrer o processo judicial deste caso.

Em março de 2017, foi proferida uma acusação do Ministério Público (MP) que indiciou sete pessoas e duas empresas (a Adubos de Portugal [ADP] e uma firma responsável pelo tratamento de água) pelos crimes de infração de regras de conservação e ofensas à integridade física.

O MP sustenta que o surto de ‘legionella' no concelho de Vila Franca de Xira foi causado pela "manifesta falta de cuidado" dos arguidos, que não cumpriram "um conjunto de regras e técnicas na conservação/manutenção" de uma das torres de refrigeração da ADP.

No entanto, o MP só conseguiu apurar nexo de causalidade em 73 das pessoas afetadas e em oito das 12 vítimas mortais.

Inconformadas com esta acusações, 58 vítimas das 330 que ficaram fora deste "nexo causalidade" decidiram requerer a instrução do processo e pedir uma indemnização.

"Foram só 58 porque eram aquelas que tinham capacidade financeira para poder avançar. As restantes gostariam de fazer o mesmo, mas não conseguem suportar as custas judicias. Nós também pouco ou nada podemos fazer para ajudar", lamentou.

Além das vítimas, também a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira pediu a reabertura do processo, de forma a ser indemnizada pelos prejuízos que teve na sequência do surto, segundo referiu à Lusa o presidente da autarquia, Alberto Mesquita.

"Também nós [Câmara Municipal] tivemos aqui uma dificuldade grande de dizer às pessoas que não havia problema nenhum em vir até Vila Franca de Xira e, portanto, foi uma questão de imagem que teve de ser reposta e que nos custou bastante, além das questões de investimentos que fizemos", sublinhou o autarca.

O surto, o terceiro com mais casos em todo o mundo, teve início a 07 de novembro e foi controlado em duas semanas. Na ocasião, o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, realçou a resposta dos hospitais, que "trataram mais de 300 pneumonias".

A doença do legionário, provocada pela bactéria 'Legionella pneumophila', contrai-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.