Segundo avança a RTP, a Associação dos Ucranianos em Portugal fez uma denúncia formal à secretária-geral do Sistema de Informações da República, Maria da Graça Mira Gomes, quanto à presença de ONGs no país que se fazem passar por estruturas “multiculturais” quando, na verdade, são “agentes de influência russos”.
Sem adiantar nomes, a Associação dos Ucranianos em Portugal escreve que “o governo da Federação Russa planeava a invasão militar do território ucraniano já antes de 2014. Para isso, através das suas redes internacionais da propaganda e desinformação (Agência Rossotrudnichestvo, fundação Russki Mir, etc.) foram em Portugal (e nos outros países) criadas ONG que, apesar de serem multiculturais nos seus estatutos, na realidade e estão diretamente ligadas à Embaixada da Federação Rússia”.
Pavlo Sadokha, presidente da associação, adiantou à estação pública que o envio da carta — datada de 2 de abril — não está relacionado com a ordem de expulsão de dez funcionários da Embaixada da Rússia em Lisboa e que o SIRP ainda não respondeu à missiva.
Tendo acesso ao conteúdo da carta, a RTP escreve que a Associação dos Ucranianos em Portugal alertou Maria da Graça Mira Gomes que algumas destas associações procuraram limpar a face ainda antes da invasão russa da Ucrânia. “Alguns meses antes da invasão russa direta (24 fevereiro de 2022) ao território ucraniano, estas organizações de repente limparam toda informação que mostrava a ligação com a embaixada da Rússia em Portugal e nas suas páginas web e redes sociais”, alega a estrutura.
“O principal papel político destas organizações e destes agentes de influência russos infiltrados em Portugal é o de influenciar a comunidade ucraniana, desinformar a sociedade portuguesa e ocidental sobre a história da Ucrânia, da realidade social e política na Ucrânia, convencer os países ocidentais de que o território da Ucrânia sempre pertenceu à Rússia e que o povo ucraniano é tão só uma parte integrante e étnica dentro da nação russa”, continua.
A Associação dos Ucranianos em Portugal diz ainda ter alertado o Alto Comissariado das Migrações para o “inaceitável facto de a comunidade ucraniana em Portugal estar representada pelas associações que fazem parte das instituições de propaganda russa”, lamentando que o ACM reconheça estas organizações. “Nos estatutos destas organizações pró-russas em Portugal não está definido nem claro que sejam ucranianas. Infelizmente, todas os alertas ficaram sem efeito”, lamenta Sadokha.
A carta dirigida ao SIRP sublinha a agravante do ACM “recomendar aos refugiados ucranianos que procurem o apoio das ONG que estão diretamente ligadas à Embaixada da Rússia”, o que “significa, na realidade, que os ucranianos em fuga da agressão russa na Ucrânia, nomeadamente em Portugal, vão continuar a ser alvos de agentes russos”.
Perante esta situação, a associação diz que podem ser postos em causa os dados pessoais “dos refugiados cujos familiares ficaram na Ucrânia”, temendo a organização que as entidades russas consigam “aceder às posições militares ucranianas através dos contactos dos respetivos cônjuges que continuam a fazer a defesa militar da Ucrânia”.
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