“Não sabia que esta remodelação governamental ia ser tão acentuada como foi, embora o papel do ministro Adjunto [Pedro Siza Vieira] nos últimos tempos desse a entender que ele cada vez mais estava a ter uma grande proximidade às empresas”, afirmou à agência Lusa Paulo Nunes de Almeida, acrescentando que "havia até alguns empresários que tinham comentado que o consideravam já como o verdadeiro ministro da Economia”.
Num contexto em que a “margem de manobra” do Ministério da Economia é “relativamente pequena” - perdeu para outros ministérios pastas “importantes para as empresas” como os fundos estruturais, a Agência para o Investimento e Comércio Externo das Empresa (AICEP)] e as áreas laborais - a AEP diz esperar que “esta alteração signifique um aumento do peso político do ministro da Economia e da transversalidade da sua intervenção”.
“Pode ser útil, porque as empresas precisam que o conjunto de dossiês que estão dispersos por outros ministérios possam ter um acompanhamento diferente daquele que tinham e que resultava não tanto da figura do ministro, mas também da própria arquitetura que o Governo tinha relativamente à área da Economia”, considera Nunes de Almeida.
Fazendo um balanço da prestação de Manuel Caldeira Cabral na pasta da Economia, o presidente da AEP recorda que “foi um ministro que viveu uma recuperação económica (2017 foi o ano em que a economia portuguesa mais cresceu praticamente durante este século)”, mas destaca que “isso se deveu muito ao trabalho das empresas e dos empresários, com os bens transacionáveis e o turismo a darem um forte contributo para o crescimento da economia”.
“O ministro da Economia obviamente que tentou sempre acompanhar esse trabalho que estava a ser feito pelos empresários, mas a sua margem de manobra era pequena”, considera.
Como “o aspeto mais positivo” da intervenção de Caldeira Cabral, Paulo Nunes de Almeida elege “o facto de, durante o seu mandato, Portugal ter passado a ter uma visibilidade externa naquilo que tem a ver com empresas inovadoras, as designadas ‘startups’”.
“Acho que aí teve um papel meritório e Portugal hoje é visto por muitos outros países como sendo um país em que se pode investir e com recursos humanos válidos para esse tipo de desenvolvimento. Esse é um mérito que não lhe devemos tirar”, sustentou.
“Quanto ao resto – acrescenta - acho que fundamentalmente o mérito foi das empresas e dos empresários, que conseguiram contornar as dificuldades existentes e por o país a crescer mais do que aquilo que tinha acontecido nos anos anteriores”.
O primeiro-ministro fez hoje a maior remodelação no Governo, envolvendo quatro ministérios, com a substituição, na Defesa, de Azeredo Lopes por João Gomes Cravinho, e na Economia, de Manuel Caldeira Cabral por Pedro Siza Vieira.
O primeiro-ministro propôs ainda as mudanças do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, substituído por Marta Temido, e do ministro da Cultura, pasta em que Graça Fonseca sucede a Luís Filipe Castro Mendes - nomeações já aceites pelo Presidente da República.
Com as mudanças agora operadas, o número de ministros desce de 17 para 16, já que Pedro Siza Vieira passa a ser ministro Adjunto e da Economia.
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