Numa carta enviada ao presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar, datada de hoje, e a que a Lusa teve acesso, o dirigente da associação, Pedro Arroja, sugeriu ao hospital “desimpedir” o espaço destinado à ala pediátrica, retirando de lá o Serviço de Sangue, para avançar com a obra.

“A Associação O Joãozinho avança com os trabalhos até o Centro Hospitalar São João estar em condições de os assumir, momento a partir do qual a obra passará a decorrer sob a titularidade do CHSJ e com financiamento público”, refere na missiva.

Pedro Arroja pediu também à administração para “fazer prova”, em documento com a chancela do Ministério das Finanças, de que dispõe de cabimento orçamental para a continuação dos trabalhos sem qualquer interrupção.

Outro dos pedidos de Pedro Arroja é que o centro hospitalar “assuma a posição” de a Associação O Joãozinho no contrato de empreitada que está em vigor.

O dirigente da associação, entidade que detém a titularidade da obra, vincou que a sua “primeira prioridade” é a urgência em realizar esta obra para “livrar” as crianças das condições “indignas e miseráveis” em que se encontram.

Na carta, que seguiu com conhecimento do Presidente da República, do primeiro-ministro e do presidente da Câmara Municipal do Porto, Pedro Arroja recorda que a “obra está no terreno e pronta a ser recomeçada a qualquer momento”.

“A Associação O Joãozinho, nos termos contratuais, possuiu um crédito de dinheiro avançado à construtora, que precisa de ser materializado em obra, e ainda dinheiro em caixa que lhe foi consignado pelos mecenas para esse fim”, reforça.

O presidente da associação salientou que segundo as declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, o Governo “só estará em condições” de assumir os trabalhos “cerca do final do ano”.

Além disso, Pedro Arroja acrescenta que a fase em que se encontra a obra – fase de estruturas – não é afetada pela revisão do projeto de arquitetura em curso, que é esperada estar pronta em abril.

O dirigente vincou que no caso de ser o Governo a fazer a obra, à qual atribui uma “pequeníssima probabilidade”, a associação não será impedimento, estando disponível para ceder a titularidade da obra desde que o Centro Hospitalar resolva as “questões” pendentes.

“Na qualidade de presidente desta associação ficar-me-á apenas a mágoa por uma maravilhosa iniciativa comunitária à qual os portugueses prontamente estenderam a mão ter sido boicotada pelos seus políticos. Talvez por ser maravilhosa de mais ao ponto de os fazer parecer mal”, ressalvou na missiva.

Depois de fazer todo “um historial” dos avanços e recues da ala pediátrica, elencado em cinco páginas, Pedro Arroja afirmou estar convencido de que o objetivo do atual Governo foi, desde o início, o “de não fazer, nem deixar fazer” a obra.

O Hospital de São João indicou hoje que a obra da ala pediátrica deve começar no início do segundo semestre, prevendo-se para abril a transferência provisória da pediatria oncológica, atualmente em contentores, para o edifício central.

“O que acho que podemos garantir é que no fim do primeiro semestre estará tudo pronto para o procedimento de ajuste direto [da empreitada]. Depois, será muito rápido [o início da obra]: em junho, julho ou agosto, por aí”, afirmou António Oliveira e Silva, presidente do Conselho de Administração do São João, em declarações aos jornalistas após a cerimónia de entrega, por parte da Câmara do Porto, de uma ambulância dedicada ao transporte do internamento pediátrico.