No sexto relatório, cuja primeira parte saiu hoje, com um atraso de meses devido à pandemia, o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) os cientistas preveem um aumento de 1,5 graus em 2040, de 2 graus em 2060 e de 2,7 em 2100 caso se mantenha o atual ritmo de emissões de gases com efeito de estufa.
Para a Zero, as perspetivas “são avassaladoras” se não forem tomadas “ações vigorosas”: “a comunidade internacional deve aumentar rapidamente a velocidade e a escala de ação necessárias para evitar alterações climáticas catastróficas”.
“É hora de acabarmos com a nossa dependência de gás natural, carvão e petróleo e investir em empregos verdes e na construção de um futuro com zero carbono com toda a urgência”, defende no comunicado.
Considera ainda que o documento de hoje será “provavelmente o último aviso da comunidade científica mundial sobre os efeitos das emissões de gases de estufa e consequentes alterações climáticas, antes do planeta se encaminhar para um aumento de temperatura superior a 1,5 ºC”.
Os ambientalistas lembram que os últimos seis anos foram “os mais quentes” desde que há registos históricos, aproximadamente em 1850.
“Em 2020 os oceanos atingiram a sua temperatura mais elevada. Os incêndios, as inundações e as condições meteorológicas extremas dos últimos meses são apenas sinais do que se pode esperar”, advertem.
Afirmando que os governos não podem ignorar os avisos feitos pelo IPCC, a Zero lamenta que, “apesar de um esforço de muitos países ou grupos de países como a União Europeia, ainda não existem planos de ação que mantenham o aquecimento global abaixo dos limites supostamente seguros”.
“Continuamos a adiar uma ação climática urgente que já era necessária desde há décadas e agora estamos quase sem tempo”, realça.
Para a Zero, este relatório do IPCC, composto por centenas dos “maiores cientistas do clima do mundo”, é o “mais decisivo” porque reforça a conclusão de que “os anos 20 deste século serão uma década crucial em que as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas a metade para limitar o aquecimento a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, estabelecidos por relatórios anteriores do IPCC como o limite de segurança”.
“As alterações climáticas estão a causar “extremos climáticos amplificados, desde secas, ondas de calor, incêndios florestais, inundações a supertempestades, impactes que são cada vez mais intensos, frequentes e sem precedentes” e que serão cada vez “mais severos” se as emissões continuarem a aumentar.
“Quanto mais dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa acumularmos na atmosfera, mais tempo demorará a retornarmos a uma situação com menores impactes”, sustentou.
Para a associação, o documento “é um severo alerta” que não pode ser ignorado e “é verdadeiramente histórico” por ser a avaliação mais abrangente até agora efetuada, oito anos após o relatório de 2021/2014, e a menos de três meses antes das negociações das Nações Unidas em Glasgow, de 1 a 12 de novembro, que determinarão a forma como se irá viver “num futuro próximo”.
“A sociedade humana que conhecemos foi construída num clima que não existe mais, pelo que é crucial trabalharmos na mitigação climática (redução de emissões), mas também na adaptação climática”, defende.
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