A“Agora é hora de fazer valer as várias oportunidades económicas, políticas e sociais que o Acordo de Paris catalisou”, salientou a Zero em comunicado, a propósito dos cinco anos deste acordo, que foi assinado na capital francesa por 195 países, em 12 de dezembro de 2015.

Segundo a associação ambientalista, a atual situação das alterações climáticas “não é otimista”, uma vez que as emissões no período antes da pandemia da covid-19 aumentaram e os seus impactos estão a intensificar-se.

Apesar disso, a Zero salientou que o Acordo de Paris continua a ser o “caminho certo” no combate às alterações do clima, considerando que, sem os seus “objetivos ambiciosos”, a “ideia de uma sociedade descarbonizada era impraticável”.

Num balanço dos últimos cinco anos em Portugal, a associação presidida por Francisco Ferreira destaca como “tendências positivas” a intenção manifestada pelo Governo, em 2016, de o país atingir a neutralidade carbónica em 2050 e a aprovação do respetivo roteiro, que conduziu a um Plano Nacional de Energia e Clima para 2030 com “metas muito ambiciosas”.

A Zero referiu ainda como positiva a integração de uma “forte componente de mitigação climática” na visão estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 e no Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, assim como a discussão, nos próximos meses, de diversos projetos de uma Lei do Clima, com a “desejável aprovação pela Assembleia da República de uma lei ambiciosa”.

O anúncio do fim do uso do carvão para produção de eletricidade em 2021, os investimentos em energias renováveis e o compromisso de diversas empresas em atingirem, na próxima década, a neutralidade carbónica, são outros pontos que a Zero considerou como “tendências positivas” verificadas nos últimos anos.

Já como “tendências negativas” no país, a associação ambientalista destacou a manutenção ou “mesmo um aumento de 3%” das emissões de gases com efeito de estufa entre 2015 e 2018 e as “enormes emissões recorde associadas aos incêndios florestais em 2017”.

“Apesar dos apoios ao transporte público, o setor dos transportes, muito por via do transporte rodoviário individual, continua a representar cerca de um quarto do total das emissões do país”, referiu a Zero, alertando ainda que a “expansão do aeroporto da Portela e a construção do aeroporto do Montijo estão entre um conjunto de projetos que têm ameaçado os esforços de redução de emissões”.

A nível mundial, a associação ambientalista registou como positivo que, desde a assinatura do acordo, o desenvolvimento de soluções de baixo carbono “progrediu mais rapidamente do que muitos imaginavam” e que o fim do uso do carvão e o pico de procura do petróleo “estão agora num horizonte mais próximo”.

“O progresso nos últimos cinco anos permite perspetivar um crescimento económico hipocarbónico até 2030 que deverá gerar mais de 35 milhões de empregos líquidos”, adiantou a Zero.

Como “tendências negativas” no mundo, a associação salientou que as emissões de gases de efeito de estufa continuaram a aumentar até 2019.

Em 12 de dezembro de 2015, em Paris, 195 países assinaram um acordo para impedir que as temperaturas globais subam além de dois graus celsius (02ºC) em relação à época pré-industrial e trabalhar para que esse aumento ronde os 1,5ºC, o que se consegue reduzindo drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa (GEE).