O Comité de Recurso da União Europeia (UE) deu hoje “opinião positiva” à proposta de renovação por cinco anos do uso do glifosato, com uma maioria qualificada de 18 Estados a favor. Portugal absteve-se.
Sobre a posição portuguesa pronunciou-se também o Partido Ecologista Os Verdes, que em comunicado diz que não se identifica com a decisão do Governo, que devia ter votado contra porque essa seria a posição “que melhor defende as populações, o ambiente e a saúde pública”.
Também em comunicado a Quercus diz lamentar a votação e acrescenta que não se surpreende com o prolongamento da licença do glifosato, que é a substância ativa do herbicida mais usado em Portugal.
O que é notório nesta votação é que para a maioria dos países da UE são mais importantes os negócios do que o ambiente e das pessoas, diz a associação em comunicado, lembrando que a Quercus e outras organizações têm alertado para os perigos do glifosato, “que está classificado desde 2015, pela Agência internacional para a Investigação sobre o cancro, como provável carcinogéneo para o ser humano”.
Pela associação Zero, Francisco Ferreira usou a palavra “desilusão” para qualificar a decisão da UE "quando o que devia prevalecer era o principio da precaução”.
“Há claramente uma cedência a toda a influência e poderio económico que tem conduzido a empresa Monsanto (líder na produção do herbicida) a conseguir manter esta utilização do glifosato”, disse Francisco Ferreira, acrescentando que só a influência de uma “grande empresa” justifica uma votação que não salvaguarda a saúde pública.
A renovação da licença teve os votos favoráveis da Alemanha, Bulgária, Dinamarca, Eslovénia, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Letónia, Lituânia, Polónia, Reino Unido, República Checa, Roménia e Suécia, que representam 65,71% da população dos 28.
Áustria, Bélgica, Chipre, Croácia, França, Grécia, Itália, Luxemburgo e Malta votaram contra, com o peso de 32,26% da população da UE.
Francisco Ferreira lamentou também a abstenção de Portugal e louvou o voto contra de França, que é uma “potência agrícola europeia”. E lembrou que cada país “tem margem de manobra para decidir” sobre o uso do produto.
Os Verdes dizem no comunicado que “continuarão a lutar pela erradicação do uso do glifosato” e que com esta autorização por mais cinco anos a UE “demite-se de encontrar alternativas à utilização deste herbicida prejudicial”.
O executivo comunitário adiantou que adotará a decisão depois de 15 de dezembro, data em que caduca a atual licença do glifosato.
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