“Há aspetos importantes e, certamente, no parlamento teremos oportunidade para esclarecer porque é que foram precisos sete dias para debelar este incêndio”, disse Assunção Cristas aos jornalistas durante a visita que efetuou à Malhada Quente, no concelho de Monchique, distrito de Faro.

Para a líder do CDS-PP, é necessário perceber porque é que o fogo evoluiu “se ao fim de dois dias e, segundo informações do presidente da Câmara [de Monchique], as coisas estavam aparentemente resolvidas”.

“Porque é que depois houve reacendimentos, o que é que falhou no ataque a esses reacendimentos e como é que as coisas se descontrolaram, são questões importantes que é preciso perceber”, sublinhou Assunção Cristas.

Por isso, acrescentou, há muito trabalho a ser feito, porque é importante saber o que aconteceu ao nível do controlo, dos vários comandos que se sucederam, os meios que puderam ou não ser aplicados, como é que foram integradas as corporações de bombeiros que vieram de fora”.

Assunção Cristas assegurou que o CDS-PP vai “estar na linha da frente” para esclarecer no parlamento tudo o que se passou no incêndio de Monchique.

“Não nos parece que faça sentido que sete dias de incêndio que resultaram em quase 30 mil hectares ardidos e que seja considerado, como o Governo veio a considerar, que foi uma coisa que apesar de tudo, até correu bem”, destacou.

Assunção Cristas reiterou aos jornalistas que o CDS-PP está empenhado em perceber o que se passou ao nível do combate, para que o fogo de Monchique “não tenha sido segurado como, infelizmente, não foi segurado em 2017 o de Pedrógão numa altura em que poderia ter sido”.

A líder do CDS-PP manifestou-se ainda preocupada com os apoios concedidos às pessoas afetadas pelo fogo e que perderam os seus bens, considerando que a situação de Monchique é diferente da verificada nos incêndios de Pedrógão, “onde os apoios resultaram na maioria da generosidade dos portugueses”.

“Para Monchique não há esses donativos e, segundo informação do senhor presidente da Câmara, as regras serão diferentes e será porventura o Estado a entrar com o dinheiro. Mas, colocando-nos no papel das pessoas que perderam os seus bens, não consideramos compreensível como é que num caso não têm de pagar nada do seu dinheiro e neste caso terão de o fazer”, frisou.

Assunção Cristas reafirmou que o CDS-PP vai estar particularmente atento “para ver como é que se podem tornar os regimes o mais próximo possível, para que as pessoas não se sintam como portugueses de primeira ou de segunda, consoante tenham os seus incêndios e dependendo da generosidade por parte dos portugueses”.

“O Governo teve muita sorte em relação a Pedrogão porque houve uma onda enorme de solidariedade nacional que permitiu que não tivesse de trazer mais dinheiro para este caso. Se poupou aí, pode ser um pouco mais generoso aqui para que as pessoas de Monchique possam ter um tratamento o mais parecido possível”, concluiu.