“Passadas as eleições presidenciais, numa fase menos dramática da pandemia e volvido o Conselho Nacional do CDS-PP, que entretanto se interpôs este fim de semana, sinto que chegou a altura de dar nota pública de que não serei candidata a presidente da Câmara de Lisboa”, escreveu a ex-líder numa publicação na sua página oficial na rede social Facebook, acrescentando que, quando terminar o mandato, irá focar-se na sua atividade profissional.
A atual vereadora centrista no município da capital justificou que, “apesar do apoio das estruturas locais do partido, não estão reunidas as condições de confiança necessárias para ponderar uma candidatura”.
“Três razões essenciais pesaram na minha reflexão: a discordância da estratégia do CDS na negociação de uma coligação alargada com o Partido Social Democrata; o discurso contraditório da direção do CDS, que me considera simultaneamente responsável pela degradação do partido no último ano e uma boa candidata a Lisboa, somado ao parco interesse em falar comigo, num tempo e numa forma que fica aquém do que a cortesia institucional estima como apropriado; e os desafios profissionais que tenho pela frente”, sublinhou.
Assunção Cristas tinha vindo a ser apontada como uma possível cabeça de lista à Câmara de Lisboa e o presidente do partido chegou a considerar que seria “sem dúvida um nome forte” para esta disputa.
No que toca ao anunciado acordo-quadro entre PSD e CDS para as eleições autárquicas, a ex-presidente democrata-cristã defendeu que, “mais importante do que o nome que em concreto o CDS possa apresentar, é o relacionamento institucional e o cumprimento de critérios objetivos no diálogo entre os dois partidos que precisa de ser protegido e salvaguardado”.
“Entendo que é dever do presidente do CDS trabalhar no sentido de construir essa coligação a par de um método para em conjunto ser desenhado um programa sólido e ambicioso. Até agora, isso não transpareceu. Penso, contudo, que vai a tempo de encontrar um bom nome, da área do CDS, para encabeçar uma coligação ganhadora”, frisou também.
Considerando que “o espaço político do centro e da direita pode conquistar a Câmara Municipal de Lisboa, assim se una em torno de um projeto ambicioso para os lisboetas”, a antiga líder centrista defendeu que “são necessários um bom programa e uma grande coligação, que junte CDS, PSD, os partidos do espaço político da direita democrática que o desejem, e tenha uma forte presença de independentes”.
Na sua opinião, em Lisboa “o critério a adotar deverá ser o resultado das últimas eleições autárquicas”, de “acordo com o relacionamento histórico entre o PSD e o CDS”.
Lembrando que “foi assim que aconteceu em 1979, quando Nuno Kruz Abecasis se tornou presidente da Câmara de Lisboa”, Assunção Cristas lembrou que “em 2017, o CDS teve 20,59%, o melhor resultado da sua história”, enquanto “o PSD teve 11,2%”.
“O CDS elegeu quatro vereadores, o PSD dois. Se em 1979 a distância que na eleição anterior não chegou a quatro pontos percentuais determinou a liderança do CDS, em 2021 a diferença de quase onze pontos também o deve determinar”, vincou.
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