Há 66 milhões de anos, num momento apocalíptico, o planeta Terra passou de um paraíso exuberante para um mundo de pesadelo. Como explica o The New York Times, o objeto extraterrestre que esbarrou no nosso planeta escreveu a sentença dos dinossauros e de inúmeras espécies.
Durante décadas, os cientistas debateram a identidade do material rochoso que atingiu o nosso planeta naquele fatídico dia, deixando uma cicatriz com 180 quilómetros de diâmetro na chamada cratera de Chicxulub, sob o que é agora a Península de Yucatán, no México.
Ora, embora um asteroide continue a ser o principal candidato, uma equipa de astrofísicos de Harvard, propõe agora que o culpado possa ter sido um cometa gelado que voou demasiado perto do sol. De acordo com esta nova teoria, o cataclismo que varreu parte da vida humana no planeta Terra não teve origem num asteroide relativamente próximo, mas sim numa espécie de cometa periódico que veio da borda do sistema solar, numa área conhecida como a nuvem de Oort. Os resultados foram publicados nesta segunda-feira na Nature Scientific Reports.
O que aconteceu? A gravidade de Júpiter puxou o cometa para o sistema solar. E, neste ponto, "Júpiter atuou como uma espécie de máquina de pinball". Segundo o estudo, alguns dos fragmentos do cometa entraram na órbita da Terra, sendo que um bateu contra a costa do México.
"Até hoje, a origem do objeto que provocou o impacto de Chicxulub permanece uma questão em aberto", disse Amir Siraj, um estudante universitário de astrofísica em Harvard que liderou a investigação. O seu modelo, explica ao NYT, examina "esta população especial de cometas" que pode ter produzido fragmentos suficientes — do tamanho certo, ao ritmo certo e nas trajetórias certas — para ameaçar a Terra.
De acordo com a NPR, a teoria também postula que as crateras de grande impacto, tais como a de Chicxulub, são mais suscetíveis de serem feitas de "condritos carbonáceos" — um material primitivo que data do início do sistema solar. E, segundo os investigadores, apenas 10% dos asteroides da cintura são feitos deste material.
"A nossa teoria explica a composição da maior cratera de impacto confirmada na história da Terra, bem como a maior nos últimos milhões de anos", escreveram.
Outras crateras semelhantes mostram a mesma composição. Isto inclui um objeto que atingiu há cerca de 2 mil milhões de anos atrás e esteve na origem da cratera de Vredefort na África do Sul (a maior cratera na história do planeta) e em Zhamanshin no Cazaquistão (a maior cratera confirmada nos últimos milhões de anos). Ora, os investigadores dizem que os momentos destes impactos suportam os seus cálculos sobre a taxa esperada de cometas perturbados pelas marés do tamanho da Chicxulub.
Siraj e Loeb dizem que a sua teoria pode provar-se estudando mais a fundo estas crateras, outras similares — inclusive as da superfície lunar —, mas também através de missões espaciais de amostragem de cometas.
Loeb acrescenta que compreender a teoria não só é crucial para resolver um dos mistérios da história da Terra como pode revelar-se fulcral se tal evento ameaçasse o planeta. "Deve ter sido uma vista incrível, mas não queremos voltar a vê-la", frisou.
Comentários