O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês) citado pela agência de notícias espanhola EFE, diz que “se tratou de uma tentativa para levar a questão da guerra à população russa e estabelecer condições para uma mobilização social mais ampla”.

O grupo de analistas norte-americanos do ISW refere que as autoridades russas tomaram recentemente novas medidas de defesa aérea interna, inclusivamente na zona de Moscovo e que, por isso, “é extremamente improvável” que os aparelhos aéreos não tripulados (‘drones’) tenham conseguido atravessar as várias “capas defensivas”.

Imagens captadas por satélites e que datam do passado mês de janeiro mostram que as autoridades russas instalaram sistemas de defesa de mísseis Pantsir terra-ar perto de Moscovo para o fortalecimento de círculos defensivos à volta da capital do país.

Para o ISW, um ataque “não detetado” pelos sistemas de defesa contra um objetivo tão importante como o Kremlin constituiria uma “grande vergonha para a Rússia”.

O Kremlin acusou a Ucrânia de autoria do ataque com drones, que considerou um ato terrorista.

Para os investigadores norte-americanos do ISW, se o ataque com drones não tivesse sido organizado internamente e tivesse sido inesperado, “seria muito provável que a resposta oficial russa tivesse sido muito mais desorganizada” e não “tão coerente”.

“A apresentação rápida e coerente de uma narrativa oficial russa sobre o ataque sugere que a Rússia organizou o incidente, muito perto do dia 09 de maio (dia que assinala a capitulação da Alemanha nazi, em 1945), para colocar – perante a população – a situação de guerra como um fator que põe em causa a existência do país”, considera o ISW.

O organismo com sede em Washington notam ainda que “alguns autores de blogues nacionalistas russas aproveitaram o ‘ataque com drones’ para pedir a intensificação do envolvimento da Rússia na guerra contra a Ucrânia”.

Para o ISW, “O Kremlin pode estar a planear a realização de outras operações de ‘bandeira falsa’ e aumentar a desinformação antes do início de uma contra ofensiva para aumentar o apoio interno em relação à guerra”.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendeu na quarta-feira que “é preciso cautela” face às informações ou declarações do Kremlin mas não quis especular sobre o assunto sem saber quem foi realmente responsável pelos factos.