No passado dia 15 de setembro, a estudante foi detida pela PSP durante uma manifestação junto ao Tribunal de Oeiras, onde estavam a ser ouvidos outros 16 ativistas que tinham sido detidos no dia anterior durante uma ação para bloquear a realização do Conselho de Ministros, tendo como principais reivindicações o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a eletricidade 100% renovável e acessível até 2025.

Segundo disseram então à Lusa outros ativistas presentes na ação, a concentração terminou cerca das 12:00, mas no local permaneceram alguns jovens até à chegada da ativista que fora detida, alegadamente por estar a filmar, “do passeio, a manifestação pacífica que estava a decorrer pela justiça climática”.

Numa nota hoje enviada às redações, a organização Greve Climática Lisboa manifesta o seu desacordo com a condenação, afirmando que “o protesto era uma concentração pacífica de algumas dezenas de pessoas entre as quais estudantes, pais e apoiantes, “convocada para a frente do Tribunal de Oeiras, em solidariedade com os 16 estudantes da Greve Climática Estudantil que se apresentaram à justiça pelo bloqueio do Conselho de Ministros.

“Entre faixas, tricô e cânticos, os manifestantes gritavam pacificamente pela ‘justiça climática’ e o ‘fim ao gás’. A polícia afastou os jornalistas que tentaram reportar a manifestação de perto, afastando-os para um ‘perímetro de segurança’. Pouco depois, ameaçou de detenção duas estudantes que queriam passar o perímetro para falar com os jornalistas e filmar o protesto para as redes sociais da organização”, lê-se na nota.

A organização afirma que “a estudante Alice Gato foi detida por filmar o protesto para as redes sociais desde o passeio, onde haveria um melhor ângulo” e acrescenta que as autoridades lhe “apreenderam o telemóvel, algemaram-na e levaram-na para a esquadra”.

No documento e face à condenação ao pagamento da multa, a porta-voz do protesto de 15 de setembro, Beatriz Xavier, afirma que “estas detenções arbitrárias são inaceitáveis” e questiona “como é possível estarem a deter, algemar e condenar uma estudante por filmar um protesto?”.

Acrescenta que se “torna cada vez mais claro que o Governo, a polícia e as instituições preferem reprimir do que ouvir os estudantes que se manifestam por um futuro”.

“No entanto, não vamos desistir: somos muitas e esta é a luta pelo nosso futuro, sabemos que temos a História e a ciência do nosso lado”, declara.

Esta é a segunda condenação de ativistas climáticos em Portugal, sendo a primeira a condenação a multa de quatro estudantes que há uns meses ocuparam a Faculdade de Letras de Lisboa de forma pacífica, também em protesto, afirma a Greve Climática Lisboa.