O anúncio aconteceu antes da manifestação marcada para hoje, para assinalar o quinto aniversário do 'movimento dos chapéus-de-chuvas amarelos', quando várias ruas da cidade foram ocupadas por 79 dias pelos manifestantes que exigiam eleições livres, onde o ativista alcançou fama como líder da juventude.

Joshua Wong, de 22 anos, disse que vai concorrer nas eleições do conselho distrital em novembro e que a votação é crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que o povo está mais determinado do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.

"Há cinco anos dissemos que voltávamos e agora estamos de volta com uma determinação ainda mais forte", disse em conferência de imprensa, adiantando que "a batalha a travar é a batalha pela nossa casa e pela nossa pátria"

O ativista, que tem sido repetidamente preso por causa da organização de manifestações consideradas ilegais, adiantou estar ciente de que pode ser desqualificado, até porque membros do partido Demosisto, que co-fundou em 2016, foram desqualificados no passado na corrida a cargos porque, segundo o ativista, defendiam a autodeterminação.

"Se eles me desqualificarem, isso gerará cada vez mais força ... eles pagarão o preço", ameçou o ativista que saiu da prisão no início deste mês depois de pagar a fiança.

Hong Kong enfrenta, há mais de três meses, a mais grave crise política desde a sua entrega à China, em 1997, com ações e manifestações quase diárias exigindo reformas democráticas, como eleições livres, e um inquérito independente à alegada violência policial.

Com o aproximar das celebrações dos 70 anos da fundação da República Popular da China, agendadas para 01 de outubro, os protestos prometem intensificar-se este fim de semana nas ruas de Hong Kong.

O Governo de Hong Kong anunciou a retirada formal das emendas à polémica lei da extradição que esteve na base da contestação social desde o início de junho.

Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".

Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.