Em declarações à agência Lusa à margem da manifestação de solidariedade para com o povo brasileiro hoje organizada no Porto pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Moara Crivelente assumiu a vontade de rapidamente se restituir a liberdade ao antigo presidente.
"Estamos a lutar pela libertação dele [Lula da Silva] pois é um prisioneiro político e, se acabar por cumprir os 12 anos e um mês de prisão, é porque há alguma coisa de errado e um regime ditatorial se estabeleceu no Brasil", disse a ativista após falar perante cerca de 50 pessoas reunidas diante do Consulado do Brasil no Porto.
Há três anos a viver em Portugal, Moara Crivelente acredita que "os povos de todo o mundo podem ter um papel a desempenhar", sublinhando que "a solidariedade internacional é importantíssima para os brasileiros que lutam contra esse processo e retrocesso no Brasil".
Apelando aos cidadãos para "pressionarem os seus governos no sentido de não legitimarem o golpe de estado de 2016 nem normalizarem relações com um governo ilegítimo como é o atual", a dirigente brasileira não considera que a justiça brasileira tenha caído em total descrédito.
"As forças progressistas no país nunca deixaram de lutar contra a corrupção, muito pelo contrário, sempre fomos os que levantaram essa bandeira o mais alto possível. O problema é quando a luta contra a corrupção é instrumentalizada e há uma perseguição política, como é o caso", justificou.
Para a presidente do CPPC, Ilda Figueiredo, "os portugueses estão preocupados e solidários com o que se passa no Brasil", mostrando-se contra "o golpe que começou com a retirada do poder de Dilma Rousseff e que agora prossegue com a prisão ilegítima de Lula da Silva, com o objetivo de impedir que ele volte a candidatar-se à presidência da república".
Na manifestação, a que aderiu também a União de Sindicatos do Porto, não faltaram provocações entre brasileiros pró e contra Lula da Silva, o que motivou a intervenção de um agente da PSP para serenar os ânimos.
Na madrugada da última quinta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil negou um 'habeas corpus' apresentado pela defesa de Lula da Silva, que visava evitar a sua prisão antes de se esgotarem os recursos na Justiça.
Na sequência da decisão do STF, o juiz federal Sérgio Moro decretou a prisão e deu como prazo a tarde de sexta-feira para o ex-Presidente brasileiro se apresentar voluntariamente na Polícia Federal em Curitiba.
No sábado, quase 26 horas depois do prazo dado pelo magistrado, Lula da Silva saiu a pé, rodeado de seguranças, do Sindicato dos Metalúrgicos onde se encontrava desde quinta-feira, em São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo, para se entregar à Polícia Federal (PF).
Luiz Inácio Lula da Silva, 72 anos, foi o 35.º Presidente do Brasil (2003-2011) e é o primeiro ex-chefe de Estado condenado por um crime comum.
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