“O Ministério da Saúde comunica com profundo pesar a morte do terceiro paciente após o incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro, na terça-feira. Até ao momento foram três óbitos. A pasta solidariza-se com as famílias e não vai medir esforços para garantir a segurança e saúde dos pacientes, profissionais de saúde e funcionários da instituição”, indicou a tutela em comunicado.
Apesar do Governo não ter confirmado a identidade da vítima, a imprensa local avança que se trata de um homem de 39 anos, que estava internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva, devido a complicações com a covid-19, doença que lhe deixou sequelas mesmo após já ter testado negativo.
Outras duas mulheres (42 e 83 anos) também morreram na sequência do incêndio que atingiu a unidade hospitalar, ambas infetadas com o novo coronavírus e em estado grave.
O fogo ocorreu no Hospital Federal de Bonsucesso, uma das maiores unidades públicas de saúde do estado do Rio de Janeiro, e obrigou à retirada de cerca de 200 pacientes.
Um relatório da Defensoria Pública da União (DPU) do ano passado alertava para problemas na estrutura de combate a incêndios do hospital, que em março chegou a ser indicado pelo Ministério da Saúde como referência para o tratamento de casos de covid-19 no Rio de Janeiro.
As causas do incêndio ainda estão a ser apuradas e não se sabe se o fogo está relacionado com os problemas apresentados pelo documento, que apontava bocas de incêndio desativadas, mangueiras danificadas e um alto risco de explosão e inoperância do sistema elétrico.
O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, Leandro Monteiro, disse na terça-feira que o hospital em causa “não estava adequado” e tinha duas notificações e dois autos de infração. A unidade, segundo o comandante, “não possui certificado de aprovação do Corpo de Bombeiros”.
“Eu assumi há 30 dias o comando da corporação, pedi uma grande reunião. Eu já tinha conversado com o diretor do hospital. O hospital possui duas notificações e dois autos de infração junto à corporação. É muito difícil, quase impossível, interditarmos um hospital com aproximadamente 600 camas”, disse Monteiro à imprensa local, na terça-feira.
Segundo as autoridades, o foco do incêndio ocorreu no subsolo do edifício, na sala de arquivo, e a principal dificuldade no combate ao fogo foi o acesso ao local.
Os pacientes foram sendo recolocados em outros pavilhões que não foram afetados pelas chamas ou foram sendo transferidos para outros hospitais, conforme a gravidade do seu quadro de saúde.
Alguns pacientes foram levados em macas ou em colchões para fora do primeiro prédio atingido pelo fogo e aguardaram numa oficina ao lado do complexo hospitalar até voltarem a ser atendidos.
Após a confusão gerada, vários funcionários do hospital e familiares dos pacientes manifestaram a sua revolta no local e nas redes sociais, classificando o ocorrido como “um incêndio anunciado”.
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