Um relatório da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da União Internacional para a Conservação da Natureza, divulgado na segunda-feira, alertou para a necessidade de ação “ambiciosa, rápida e sustentada” e sem a qual o maior recife do mundo está em perigo.
O documento recomendou que a Grande Barreira de Coral seja incluída numa lista de locais em perigo, de acordo com as recomendações de uma missão, realizada em março, ao sistema de recifes ao largo da costa nordeste da Austrália, acrescentado à lista do Património Mundial da UNESCO em 1981.
“Vamos fazer ver muito claramente à UNESCO que não há necessidade de isolar a Grande Barreira de Coral desta forma”, disse Tanya Plibersek, aos jornalistas.
O novo governo Trabalhista, centro-esquerda, eleito em maio, já abordou várias das preocupações do relatório, incluindo a ação sobre as alterações climáticas, indicou.
O executivo de Anthony Albanese legislou para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 43% até 2030, enquanto o anterior executivo, liderado por Scott Morrison, tinha previsto apenas uma redução entre 26% a 28%, até ao final da década.
Plibersek disse que o governo também se comprometeu a investir 1,2 mil milhões de dólares australianos (774 milhões de euros) para cuidar do recife e cancelou os planos do governo anterior de construir duas grandes barragens no estado de Queensland que teriam afetado a qualidade da água do recife.
“Se a Grande Barreira de Coral está em perigo, então todos os recifes de coral do mundo estão em perigo”, disse Plibersek. “Se este sítio do Património Mundial está em perigo, então a maioria dos sítios do Património Mundial em todo o mundo estão em perigo devido às alterações climáticas”.
O relatório dizia que o governo federal australiano e as autoridades de Queensland deviam adotar objetivos mais ambiciosos de redução de emissões em consonância com os esforços internacionais para limitar o aquecimento futuro a 1,5º Celsius.
A ação das autoridades australianas vai ser revista antes de a UNESCO, sediada em Paris, apresentar qualquer proposta oficial ao comité do Património Mundial. Em 2021, o local conseguiu manter-se fora da “lista negra”.
Em março, a Autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira de Coral tinha confirmado que o local, o maior sistema coralino do mundo, com uma superfície de 348 mil quilómetros quadrados, estava a sofrer um “preocupante e severo” branqueamento maciço de corais, depois de importantes branqueamentos em 1998, 2002, 2016, 2017 e 2020.
O recife, cujo estado passou a ser qualificado, em finais de 2020, pela União Internacional para a Conservação da Natureza de “preocupação significativa” para “crítica” – a pior denominação de conservação — continua a ser ameaçado pelas alterações climáticas.
Casa de 400 tipos de corais, 1.500 espécies de peixes e quatro mil variedades de moluscos, a Grande Barreira começou a deteriorar-se nos anos 1990 devido ao impacto do aquecimento da água do mar e ao aumento da acidez pela crescente presença de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
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