Vários utentes do serviço ferroviário prestado pela Fertagus, que liga a margem sul a Lisboa, têm vindo a denunciar, nas redes sociais e em alertas dirigidos à autarquia, que desde que foram alterados os horários deste transporte os comboios que partem de Setúbal enchem rapidamente deixando passageiros de fora, particularmente na estação do Pragal, no concelho de Almada.

Face a estas queixas, a presidente da Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, esteve hoje na estação do Pragal e numa declaração aos jornalistas alertou para a necessidade de o problema ser resolvido.

“Os constrangimentos que temos notado, e de forma muito intensa, devem-se a uma reformulação no seguimento de uma renovação do contrato de concessão que o Governo fez com a Fertagus. De facto, aumentou a frequência e não temos dúvidas da importância, mas tem um grande inconveniente que é não haver aumento de carruagens”, disse Inês de Medeiros.

A autarca acrescentou que a grande prejudicada do novo modelo é a população de Almada e do Seixal, porque quando os comboios chegam já vêm cheios.

Em dezembro, a empresa decidiu alterar os horários dos comboios entre as duas margens do Tejo, passando a ter uma periodicidade de 20 minutos nos dois sentidos.

O aumento da oferta do horário de transporte ferroviário entre Lisboa e Setúbal foi anunciado em novembro pelo Ministério das Infraestruturas e Habitação, no âmbito do alargamento do contrato de concessão da Fertagus por seis anos e meio, até 31 março de 2031.

Até dezembro, a circulação de comboios da Fertagus entre as estações de Setúbal e de Lisboa (Roma-Areeiro) era feita de 30 em 30 minutos nos dias úteis e de 60 em 60 minutos aos sábados, domingos e feriados.

Contudo, os utentes queixam-se que esta alteração não foi acompanhada de um reforço de carruagens, havendo assim relatos de passageiros, de estações dos concelhos de Almada e Seixal (Coina, Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal), de não conseguirem lugar no horário que habitualmente usavam.

“Não faz sentido que este aumento de frequência se traduza numa diminuição de carruagens. Acho que há um erro de cálculo. Percebo o exercício difícil que a Fertagus tem tentado fazer na gestão dos comboios, e, portanto, é também este o apelo que deixamos aqui: é que rapidamente se repense o número de carruagens”, disse.

Inês de Medeiros adiantou que tem estado em contacto permanente com a administração da Fertagus, empresa que, afirma, terá reconhecido alguns problemas.

“Sabemos que estão a fazer uma reorganização. Esperamos que na segunda-feira haja já melhorias, mas também sabemos que serão insuficientes face ao que temos assistido nos últimos dias”, frisou, reforçando que a necessidade premente é o aumento do número de carruagens, uma vez que a procura deste serviço aumentou 30 por cento no último ano.

A ligação ferroviária entre Lisboa e a margem Sul foi inaugurada em 29 de julho de 1999 com o objetivo de retirar carros da Ponte 25 de Abril.

A travessia liga as estações de Roma-Areeiro, em Lisboa, a Setúbal, e conta com 10 estações na margem Sul e quatro na capital.