“Foi um fogo muito rápido na sua progressão e houve, de facto, insuficiência de meios na sua parte inicial”, refere o autarca num comunicado enviado à Lusa, sobre o ponto de situação do incêndio que “continua ativo” e atinge, também, os concelhos de Oleiros e Castelo Branco.

João Lobo justificou a afirmação com o exemplo da povoação das Fórneas, que esteve “sem carros de combate” e onde “a população teve de se unir e fazer um esforço para salvaguardar a aldeia”.

O autarca aproveitou, ainda, para salientar “a importância das faixas de gestão de combustível” na prevenção e proteção das populações em caso de incêndio florestal.

“As Fórneas, e bem, fez essa faixa e foi exatamente por isso que, com a gravidade de todo o cenário, houve capacidade de contenção do incêndio e, depois, de combate mais eficaz”, assinalou.

O presidente da câmara adiantou que “Dáspera foi a mais afetada” pelo incêndio, que atingiu também as povoações de Cunqueiros, Travesso, Herdade, Esfrega, Mó e Alvito da Beira, uma vez que o fogo “penetrou no núcleo da aldeia”, embora sem criar danos em casas de habitação “também muito por influência da população” que teve, depois “o apoio dos bombeiros durante a noite”.

Apesar de o fogo ainda estar ativo, o autarca revelou que já havia, ”na manhã desta segunda-feira [hoje]”, equipas do município a fazer “um primeiro levantamento dos danos e das necessidades das populações” relativamente à parte agropecuária e aos danos nas infraestruturas, para “tentar perceber o tamanho desta que já é uma tragédia” devido à “área imensa de devastação” que provocou.

João Lobo apontou o “problema que é a gestão florestal e a continuidade, ao longo dos anos, dos ciclos de fogo que vão dizimando a capacidade de gerar riqueza através da floresta e dos seus ativos”, para repartir entre os municípios e a administração central a responsabilidade de encontrar “soluções pensadas, rápidas e que se traduzam em ação”.

“Apesar das medidas que têm vindo a ser tomadas, tem, de uma vez por todas, de haver resposta para um problema com consequências gravíssimas que se traduzem no definhamento destes territórios, no seu despovoamento e na falta de capacidade de voltar a gerar riqueza a partir da floresta”, defendeu.

A finalizar, João Lobo deixou uma palavra para os bombeiros que ficaram feridos e enalteceu o facto de que, “neste momento, nenhum deles se encontra em perigo”, mas lembrou que “dois deles ficarão com sequelas devido às queimaduras que sofreram”.

O presidente da câmara referia-se aos dois bombeiros que no domingo sofreram ferimentos durante o combate ao incêndio de Proença-a-Nova, que estão “estáveis” e a recuperar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, segundo disse à agência Lusa uma fonte hospitalar.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) conta dominar na próxima madrugada o incêndio de Proença-a-Nova.

“Com o conjunto de indicadores com que trabalhamos – número de efetivos, equipamento à disposição e os indicadores meteorológicos, nomeadamente o vento – contamos durante a madrugada dominar o incêndio”, adiantou o comandante operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul.

Em conferência de imprensa, já depois das 19:00, o comandante operacional deste agrupamento, Luís Belo Costa, disse que “um pouco mais de 50% do perímetro” está dominado, dos quais 30% já estão consolidados com “excelente trabalho das máquinas de rasto”.

Para dar uma dimensão da grandeza de um fogo “muito grande”, numa avaliação ainda muito preliminar, o responsável pelas ações de combate acrescentou que as chamas já terão consumido uma área muito próxima dos 15 mil hectares, correspondente a cerca de 60 quilómetros de perímetro.

Às 21:00, o incêndio estava a ser combatido por 1.027 operacionais, apoiados por 343 veículos. No combate às chamas, ao longo do dia também chegaram a estar cerca de 16 meios aéreos.