Em declarações à agência Lusa a propósito das eleições autárquicas deste ano, o líder e deputado único do partido assume ainda que “o dano reputacional” para a Iniciativa Liberal no processo para a Câmara de Lisboa “seria superior” caso não tivesse sido tomada a decisão “rápida e corajosa” de substituir o candidato inicialmente escolhido, Miguel Quintas, poucos dias depois do seu anúncio.
A proposta do novo candidato para a câmara da capital será precisamente hoje apresentada ao plenário de membros do núcleo pelo Grupo de Coordenação Local do Núcleo Territorial de Lisboa, sendo depois a escolha submetida à Comissão Executiva para ratificação em Conselho Nacional agendado para dia 27.
Naquelas que são as primeiras autárquicas a que o partido concorre, João Cotrim Figueiredo explica que, a partir do trabalho dos núcleos locais nas listas e programas, a expectativa do partido “é ter cerca de 50 candidaturas em concelhos que representam mais de 60% da população portuguesa”.
Destas candidaturas, cerca de 90% serão próprias e o partido irá sozinho a votos, em linha com a estratégia aprovada já na convenção de 2019 da Iniciativa Liberal, segundo a qual as exceções serão “muito poucas”, mas dentro das quais poderá estar a Câmara do Porto.
“Tudo o que eu disser é num pressuposto de que Rui Moreira virá a confirmar que é candidato, coisa que ainda não fez oficialmente. Nesse pressuposto tem de facto havido contactos”, revela, recordando que há pessoas próximas do partido e que inclusivamente são membros que já assumiram candidaturas dentro do movimento de Rui Moreira.
Exemplo disso mesmo é o antigo candidato presidencial da Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves, que foi eleito suplente pelo Movimento de Rui Moreira à Assembleia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
Estas conversas com Rui Moreira, segundo o presidente liberal, têm tido “bastante substância e a seu tempo poderão produzir resultados”, assumindo que o Porto deverá ser “uma das exceções previsíveis à regra” dos liberais irem sozinhos, sublinhando o “apreço” pelo trabalho feito pelo presidente independente da Câmara do Porto.
Já em Lisboa, a decisão de apresentar candidatura própria e não aceitar apoiar o social-democrata Carlos Moedas foi anunciada pelo próprio João Cotrim Figueiredo, em 06 de março, em frente à câmara, e com discursos do agora ex-candidato, Miguel Quintas.
“Se houve danos reputacionais? Com certeza que houve, foi uma decisão difícil, foi aliás uma semana difícil, uma dor de crescimento, como alguém lhe chamou. Mas obviamente que a decisão é tomada neste pressuposto: seria provavelmente um dano reputacional superior se não tivéssemos tomado uma decisão rápida, corajosa e assumida de substituir a candidatura, coisa que ninguém faz de ânimo leve”, assume.
O presidente liberal garante que o partido tentou “fazer as coisas com cuidado e com velocidade, mas nem sempre se conseguem despistar todas as questões”.
“Mas estamos confiantes de que a solução que vai ser encontrada é uma boa solução quer para a IL quer para Lisboa”, afirma, explicando que as justificações do sucedido foram parcas precisamente por serem “razões pessoais” que “ficarão na esfera pessoal”.
Em termos globais, o presidente da Iniciativa Liberal sabe estas autárquicas são “um desafio para um partido que é novo e não tem estruturas suficientemente solidificadas ainda”.
Ainda sem metas eleitorais ou objetivos quantitativos, Cotrim Figueiredo traça dois grandes objetivos qualitativos: “continuar a afirmar as ideias liberais e lançar novas caras na cena pública portuguesa”.
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