"Dizem que em setembro 70% da população portuguesa estará vacinada, criando condições sanitárias para um certo regresso à normalidade. Por isso, consideramos ser prematuro, a uma distância destas, decidir já o adiamento [das eleições]. Temos de avaliar a evolução da situação, mas não seremos apressados em defender o adiamento", afirmou.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas após questionado sobre a proposta do presidente do PSD, Rui Rio, para adiar por dois meses as eleições autárquicas, habitualmente realizadas em outubro, por causa da epidemia de covid-19.
À margem de uma visita a uma exploração leiteira em Vila do Conde, no distrito do Porto, o secretário-geral comunista foi, ainda, instado a comentar as palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que na comunicação de quinta-feira ao país disse que não iria admitir uma crise política.
"Não fui capaz de entender a dimensão dessa mensagem. Não há atualmente uma crise política ou institucional. É verdade que os problemas são muitos no âmbito da saúde pública, mas essa dramatização do Presidente da República não sei a quem era dirigida", disse Jerónimo de Sousa.
O Secretário-geral do PCP esclareceu ainda os motivos do cancelamento do comício do centenário do partido, agendado para 06 de março, no Campo Pequeno, em Lisboa, lembrando que o país atravessa tempos diferentes dos vividos em setembro do ano passado, quando foi realizada a Festa do Avante.
"A situação atual, com o confinamento e o agravamento das medidas, cria uma maior dificuldade na movimentação dos portugueses. Sempre fomos um partido consciente, e fazer transbordar o Campo Pequeno tinha de ser pensado com responsabilidade. Não iremos realizar o comício, mas vamos desenvolver outras ações para vincar o momento histórico", vincou Jerónimo de Sousa.
Sobre a visita feita hoje a uma exploração leiteira em Vila do Conde, o responsável do PCP frisou a "importância da produção nacional", e garantiu que o seu partido se irá bater pela atribuição de ajudas e apoios para os produtores.
"Um setor que já chegou a ter 70 mil produtores está neste momento reduzido a menos de 7 mil. Num quadro em que se desligam as ajudas à produção, com todas as consequências, agravadas com a revisão do processo da Política Agrícola Comum, isto pode levar a maiores dificuldades para estas pessoas que trabalham sem parar em condições muito duras", disse Jerónimo de Sousa.
O também deputado pelos comunistas lembrou que "um país que não produz não pode sobreviver" e prometeu acompanhar "o esforço titânico dos produtores que não tem tido da parte dos sucessivos governos uma resposta cabal aos interesses nacionais".
"Saio com ideia reforçada da indispensabilidade da produção nacional e da necessidade de corresponder aos interesses dos produtores. Levaremos este conjunto de ideias à Assembleia da República, e fora dela, para lhes darmos expressão", vincou o líder do PCP.
Comentários