O dia de Jerónimo de Sousa começou no Centro de Treinos do Serrado, a sede do Amora Futebol Clube, agora de rosto lavado, fruto de um investimento de 2,5 milhões de euros da autarquia do Seixal, liderada pela CDU.
Durante a visita às instalações, o dirigente comunista recebeu um livro com a história do Amora, centenária como a do PCP, e o secretário-geral fez questão de o evidenciar. De um livro grosso, Jerónimo de Sousa preferiu “a capa”, onde o número “100” saltava à vista.
Jerónimo pisou o relvado sintético, não calçou as chuteiras, mas passou a bola ao Governo quando chegou a momento de falar sobre a falta de investimento no desporto.
“Lembro, por exemplo, que nos Jogos Olímpicos os portugueses foram com um orçamento de 30 milhões de euros e os espanhóis, só para a natação, tinham 30 milhões. Isto é um exemplo concreto da necessidade de apoio, de estímulo” que deveria ser dado pelo executivo socialista, sustentou.
O problema é adensado, prosseguiu, pela falta de interesse no associativismo, que está na origem de várias coletividades desportivas, mas que, “em muitas localidades, está a afundar-se”.
O dirigente comunista salientou que o Governo “não pode subestimar” este movimento. Pelo contrário, “a dinamização do movimento associativo é uma questão importantíssima, que deve ser acarinhado, apoiado, para bem da saúde dos portugueses”.
E saber apoiar o associativismo em Portugal requer compreensão das sinergias entre municípios e o Governo, acrescentou.
Interpelado sobre se o PS podia aprender com o “exemplo” da Câmara do Seixal no que diz respeito à aplicação dos milhões de euros da “bazuca europeia”, Jerónimo de Sousa foi perentório: “O PS não aprende porque não quer”.
E voltou a ‘carregar’ sobre o Governo por causa do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Há uma grande interrogação em relação ao PRR. Para onde vai o dinheiro? Quem são os destinatários? Quais são as prioridades definidas pelo Governo?”, questionou, advogando que este e outros “défices estruturais” no país não se resolvem “com propaganda”.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) - composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e pela Associação Intervenção Democrática - concorre a 305 câmaras nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Há quatro anos perdeu nove municípios para os socialistas e contabilizou o pior resultado neste ato eleitoral.
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