No arranque do período de campanha eleitoral, na terça-feira, Jerónimo de Sousa 'desceu' o país até Faro, para o primeiro de vários comícios que preenchem a agenda da CDU até 24 de setembro.
Perante a plateia presente no auditório da Escola Secundária João de Deus, o dirigente comunista voltou a criticar a falta de execução do Orçamento do Estado para este ano, razão pela qual, advogou, não faz sentido falar no próximo.
“Há quem só veja a realidade dentro das estritas margens do Orçamento [do Estado], sobretudo do próximo, mas queremos aqui sublinhar que há ainda um que está em vigor e que o Governo se recusa a cumprir em toda a sua extensão”, sustentou.
Na opinião do secretário-geral do PCP, o presente Orçamento do Estado “permite a contratação de milhares de trabalhadores que estão em falta nos serviços públicos, realizar investimentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou na escola pública”, ou até disponibilizar “verbas de apoio à cultura”.
Contudo, “alguns querem fugir para a frente”, nomeadamente o Governo, quando, de acordo com a legislação orçamental, o Orçamento do Estado para 2021 “é para vigorar 12 meses”, prosseguiu.
“Ora, estamos a seis meses em que o Orçamento [do Estado] para 2021 está a vigorar e a ânsia de muitos… 'Então e agora o Orçamento para 2022? Como é que vai ser? Votam a favor ou contra?'. Ainda não existe… Pois, em relação ao que vamos fazer é isto: cumpra-se este Orçamento que está em vigor nos 12 meses que são necessários e, com certeza, muitos problemas se resolvem imediatamente”, completou.
No primeiro dia oficial da campanha autárquica da CDU estavam previstas iniciativas ao ar livre, por causa da pandemia e para facilitar o contacto com a população, mas a chuva estragou estes planos.
Ainda assim, a coligação conseguiu encher dois cineteatros e um auditório. Excluindo as máscaras e algum distanciamento, o ambiente fazia lembrar um período anterior a 2020.
No arranque autárquico, os esforços de Jerónimo de Sousa estiveram concentrados na reconquista de três dos concelhos de Beja que há quatro anos a CDU perdeu para o PS: Moura, Beja e Castro Verde, este último uma das derrotas mais duras de 2017, já que a CDU liderava este município desde as primeiras eleições autárquicas, em 1976.
O dirigente comunista e os candidatos incumbidos da tarefa de recuperar estes municípios para a esfera da CDU fizeram o diagnóstico de quatro anos socialistas: investimento inexistente, degradação dos municípios e promessas a mais sem concretização.
Já em Faro a ambição é mais humilde. A CDU pretende, através de Catarina Marques, recuperar um lugar na vereação da autarquia e impedir, nas palavras da candidata, que PS e PSD continuem “donos e senhores dos territórios” e os problemas “filhos de pais incógnitos”.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) - composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e pela Associação Intervenção Democrática - concorre a 305 câmaras nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Há quatro anos perdeu nove municípios para os socialistas e contabilizou o pior resultado neste ato eleitoral.
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