“Nós defendemos uma presença viva dos mercados na vida da cidade, para além dessa dimensão turística. Mercados que queremos que estejam ligados ao dia-a-dia da cidade e que as populações possam frequentar”, afirmou João Ferreira aos jornalistas numa ação de campanha que decorreu no Mercado de Benfica.
O também vereador do PCP na Câmara Municipal de Lisboa aproveitou para criticar o facto de, nos “poucos mercados que tiveram algum tipo de intervenção mais profunda”, ela ter sido “muito vocacionada para o turismo”.
Isto, na opinião do comunista, “é remetê-los para um papel secundário na vida da cidade, daquilo que são as necessidades da população que no dia-a-dia vive e trabalha em Lisboa”.
O caminho passa então por “intervir sobre os mercados municipais e sobre o comércio tradicional, revitalizando a rede de mercados, dando apoio ao comércio tradicional também no sentido da sua modernização, e captar os clientes que nos últimos anos, quer os mercados, quer o comércio tradicional, perderam”, apontou João Ferreira.
A CDU quer então, em termos concretos, que estas infraestruturas sejam requalificadas no âmbito do melhoramento do edificado e das condições de funcionamento, (por exemplo em termos de acessibilidades para quem tem mobilidade reduzida), que sejam criados parques de estacionamento, o alargamento do horário, bem como uma intervenção face à promoção e atratividade deste comércio.
“A Câmara tem meios de promoção dos mercados municipais que pode utilizar de uma outra forma, mais consentânea com o objetivo de atrair pessoas”, referiu.
O cabeça de lista da CDU defendeu também “uma gestão integrada por parte da Câmara de Lisboa da rede de mercados”.
Lembrando que o executivo “aprovou uma proposta no sentido de levar a cabo um programa de revitalização dos mercados da cidade”, João Ferreira considerou que, “em grande medida, está no papel”.
“Faltou a capacidade e vontade política para concretizar essa proposta, e nós vemos hoje a situação de degradação progressiva de muitos mercados da cidade”, referiu.
Sobre o Mercado de Benfica em concreto, o candidato comunista apontou que “não há muitos anos não tinha uma banca vazia”, ao contrário do que acontece hoje em dia.
“Não ajudou a opção da atual maioria do PS de transferir a gestão dos mercados para as Juntas de Freguesia. A Câmara perdeu essa capacidade de intervenção integrada na rede de mercados”, advogou o candidato, acrescentando que “a abertura sucessiva de novas grandes superfícies tem criado uma situação de grande dificuldade”.
Estas dificuldades foram confirmadas por alguns dos comerciantes do mercado.
Entre os pregões habituais, esta manhã João Ferreira perguntava a quem comprava e vendia: “posso dar-lhe um jornal da CDU? Somos os candidatos à Câmara e à Junta de Freguesia de Benfica”.
Incitado a comentar a polémica à volta da compra de um imóvel por parte do atual presidente da Câmara, e candidato do PS, Fernando Medina, João Ferreira advogou que “seria uma pena que questões que não têm diretamente a ver com os problemas que hoje afetam a cidade” que “pudessem ser arredados desta campanha”.
“Nós não vamos contribuir para que isso aconteça, as autoridades competentes farão o seu trabalho”, vincou.
Nas autárquicas de 2013, a CDU arrecadou 9,85% dos votos em Lisboa, o equivalente a 22.519, conquistando assim dois mandatos, um deles atribuído a João Ferreira e outro a Carlos Moura.
À frente ficaram o PS - cuja lista integrou os movimentos Cidadãos por Lisboa e Lisboa é muita gente -, com 50,91% (116.425) dos votos e 11 mandatos, e a coligação PSD/CDS-PP/MPT, com 22,37% (51.156) dos votos e quatro mandatos.
Como adversários nestas eleições autárquicas, marcadas para 01 de outubro, terá Assunção Cristas (CDS-PP), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), Fernando Medina (PS), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (independente apoiado pelo PDR e JPP), António Arruda (PURP), José Pinto-Coelho (PNR), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).
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